A cidade de São Paulo, dominada pelo concreto, tem pouquíssimos ambientes naturais conservados que ainda servem de refúgio da vida silvestre. A represa da Guarapiranga, protegida por lei por ser área de manancial e Área de Proteção Permanente (APP), é um dos últimos desses refúgios e, por isso, deveria receber atenção especial do governo. Mas não é bem isso que vem acontecendo por lá. A última que a prefeitura preparou para a região exemplifica bem o fato.
No próximo dia 12, durante um mega show de fogos de artifício, será inaugurada a segunda maior árvore de Natal da cidade, com 65 metros de altura, bem no meio da represa. Segundo o próprio site da prefeitura, o local é “inusitado”. Para o biólogo Fábio Schunck, no entanto, mais do que inusitada, a área totalmente inadequada. Todos os anos, centenas de aves migratórias que vêm do Norte da América do Norte usam a Guarapiranga para descansar e se reproduzir. O barulho e cores dos fogos serão um desastre para elas. Além disso, é de lá, onde acontece o show pirotécnico, com suas inúmeras substâncias químicas, que virá a água que o paulistano consome.
“Onde estão todas as leis? Onde estão os órgãos ambientais públicos que tanto tratam de meio ambiente e conservação, onde estão as sociedades protetoras dos animais? Será que estarão presentes neste evento? Espero que sim, pois poderão presenciar o impacto negativo do mesmo nas aves da região, nestas aves que agora estão se reproduzindo no local, com seus ninhos, ovos e filhotes”, desabafa Schunck, por e-mail.
Segundo moradores da região, a prefeitura ainda aterrou uma área da represa para que um guindaste fosse colocado para montar a tal árvore. Este ano, a cidade deve gastar nada menos do que R$ 5,9 milhões para fazer o “Natal Iluminado” de São Paulo, no qual a “decoração” na Guarapiranga está incluída. Ambientalistas e moradores da região da represa preparam uma manifestação contra a iniciativa da prefeitura no dia da inauguração da árvore.
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