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Sobre carros e pneus

Recordes de vendas de carros trarão, em futuro próximo, grande problema na gestão das toneladas de pneus que serão inutilizados. 

Redação ((o))eco ·
23 de abril de 2010 · 15 anos atrás

Sempre me causam espanto os números do setor automobilístico brasileiro. Desde que o governo decidiu reduzir o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) na compra de veículos novos, há mais de um ano – e que acabou no final de março, finalmente –  as notícias sobre recordes históricos de venda se repetem quase que todos os meses. Além de contribuírem para a existência de congestionamentos intermináveis, tantos carros novos rodando nas ruas, ainda que mais eficientes, também são péssimos para a qualidade do ar.

Isso tudo já falamos várias vezes no Ecocidades. Mas outro problema ambiental desses  “recordes” me chamou a atenção: as toneladas de pneus usados que provavelmente vão se acumular em algum lixão das cidades daqui a alguns anos.

Só no ano passado foram emplacadas 4.843.030 unidades (entre automóveis, comerciais leves, caminhões, motos, implementos rodoviários e outros meios de transporte). Se consideramos, numa conta hipotética, que cada veículo tenha apenas quatro rodas, que um pneu deve ser trocado a cada 10 mil quilômetros e que a média de quilometragem dos carros brasileiros é de 20 mil quilômetros/ano, teremos em apenas seis meses uma montanha de 19,372 milhões de pneus descartados no país.  Para 2010, a previsão é que sejam vendidos 5,226 milhões de unidades.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a indústria brasileira de pneus produziu, em 2009,  o total de 61,3 milhões de unidades. Destes ,14,5 milhões são destinados à exportação, de acordo com a Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip). Quer dizer, 46,8 milhões de pneus são usados aqui mesmo, no Brasil. Ao menos a importação de pneus usados está proibida, desde 24 de julho de 2009, por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

O Brasil ainda estuda a possibilidade de tornar obrigatória a logística reversa, na qual o fabricante é responsável pela destinação final de seu produto, prevista no novo texto da Política Nacional de Resíduos Sólidos, parada no Congresso. O que existe é uma Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que determina que, para cada pneu de reposição vendido – para aqueles 4,843 milhões de automóveis e os outros que rodam no país – um deve ser recolhido da natureza. (Cristiane Prizibisczki)
 

 

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