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Áreas protegidas livres de desmatamento

Dados do SIPAM mostram que UCs e terras indígenas no sul do Amazonas tem apenas 0,46% de território desmatado. Explore região com mapas e vídeos.

Vandré Fonseca ·
14 de junho de 2010 · 15 anos atrás

Terras Indígenas e Unidades de Conservação localizadas no sul do Amazonas estão protegidas do desmatamento, segundo indicam dados divulgados pelo Programa de Monitoramento de Àreas Especiais do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam). Apenas 0,46% destas áreas estão desmatadas. E a floresta por lá foi derrubada, na grande maioria das vezes, antes de 2008, de acordo com analistas do Sipam.

Os números demonstram que a criação de Unidades de Conservação e Terras Indígenas contribuem para bloquear o desmatamento. Indicam também que a categoria das UCs interfere em sua preservação. As unidades proporcionalmente com maior área desmatada, tanto entre as federais quanto estaduais, são Reservas Extrativistas.

Foram analisadas imagens de satélite de 47 Áreas Especiais, num total de 13,441 milhões de hectares, área um pouco menor do que estado do Ceará. Entre 2008 e 2009, foram destruídos 799,01 hectares de florestas nestas áreas especiais, de acordo com o Sipam.

O avanço do agronegócio dos estados de Rondônia e Mato Grosso e a recuperação de rodovias como a BR-319, entre Manaus e Porto Velho, e a BR-317 são considerados fatores que podem contribuir para o desmatamento no sul do Amazonas. Unidades de Conservação e Terras Indígenas da região estão entre as prioridades do Programa de Monitoramento de Áreas Especiais do Sipam.

Unidades de conservação federais

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Os números indicam que o barulho das motosserras foi pouco ouvido entre 2008 e 2009 mesmo em unidades com grandes áreas desmatadas anteriormente, como o Parque Nacional dos Campos Amazônicos e a Reserva Extrativista Arapixi. Foi avaliada derrubada da mata em 8 UCs federais. Na Maior delas, o Parque Nacional do Juruena, unidade de proteção integral localizada no Mato Grosso, com quase 2 milhões de hectares, já foram derrubados 10,5 mil hectares de floresta. Mas foi novamente uma Reserva Extrativista que levou o indesejado primeiro lugar entre as mais desmatadas, a Resex Arapixi, em Boca do Acre, com 2,88% da área total já derrubada. Ali, a maior parte dos polígonos de desmatamento foram encontrados ao longo do Rio Purus.

Reservas Extrativistas e Terras Indígenas

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Outro ponto importante é que estradas e rios são vetores para o desmatamento, mesmo em áreas protegidas. Exemplos são a BR-317, que liga Boca do Acre (AM) a Rio Branco (AC), cuja licença para pavimentação foi concedida pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) e o rio Gregório, que corta a Terra Indígena Kulina, divisa com o Acre, e a Resex que leva o nome do rio.



Desmatamento no Rio Gregório em vermelho. Clique para ampliar (fonte: SIPAM)
Desmatamento no Rio Gregório em vermelho. Clique para ampliar (fonte: SIPAM)

A maior porcentagem de floresta destruída está nas 29 Terras Indígenas analisadas. São 4,95 milhões de hectares com 0,51% de área desmatada. Isto significa que, até o ano passado, 25,46 mil hectares de florestas foram destruídos dentro das reservas sob cuidados da Fundação Nacional do Índio (Funai). Mas apenas 539,27 (0,1%) hectares foram destruídos entre 2008 e 2009. As TIs Boca do Acre, Katuxina/Kaxinawa e Apurinã no Km 124 da BR-317 são as campeãs de desmatamento. Mas é a maior área total desmatada está na TI Kulina, na divisa com o Acre, com 3,2 mil hectares de mata derrubada.

De acordo com a analista intelectual do Sipam, a geóloga Ana Pauletti Cruz Rogério, o desmatamento nesta área ocorre ao longo do Rio Gregório, que também serve de vetor para o desmatamento na Resex estadual que leva o nome do rio e fica ao sul da reserva indígena. A Resex do Rio Gregório é disparada a campeã de desmatamento entre as UCs estaduais, com 2,25 mil hectares desmatados até 2009. Na última avaliação, foram encontrados 43 hectares de desmatamentos. No total, apenas 0,09% da árrea das UCs estaduais estão desmatados. E mesmo na Floresta Estadual de Apuí, segunda colocada entre as mais antropizadas, não são registradas novas áreas abertas desde 2008.

Saiba como é feito o programa de monitoramento do SIPAM

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