
Por volta de 1839 o padre português Antonio Carneiro, trouxe ao Brasil a variedade europeia da abelha Apis mellifera L. para produzir cera e mel. Em 1956 chegou ao país para investigação científica a abelha africana, Apis mellifera scutellata. Da mistura das duas, surgiu a abelha “africanizada”, que monopolizou a produção no Brasil devido à sua alta produtividade – são 100 quilos por ano de mel produzido por essas abelhas, contra cerca de 2 a 7 quilos feitos pelas Meliponíneas. O produto local foi marginalizado de tal forma que hoje a legislação nacional só considera como mel o que é produzido pelas melíferas, com no máximo 20% de umidade, algo raro para o produto das Meliponíneas, cujo índice de umidade gira em torno de 35%, o que faz com que fermente com maior facilidade, gerando problemas de conservação.
Estudo da Organização da ONU para a Alimentação e a Agricultura (FAO) publicado em 2004 estima que as abelhas sejam responsáveis pela polinização de 73% das plantas do mundo. De acordo com a Cartilha de Criação de Abelhas Sem Ferrão do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA), existem no mundo cerca de 20 mil espécies de abelhas, sendo boa parte delas conhecidas como abelhas solitárias, por não formarem colônias. Dentre as que formam colônias, de 300 a 400 espécies são do grupo das Meliponíneas, sendo que 200 espécies deste grupo vivem no Brasil, especialmente na região amazônica, conhecida como o berço mundial das abelhas sem ferrão. Muitas plantas locais, como araçá e camu-camu, são polinizadas pelas sem ferrão, sendo que algumas plantas dependem exclusivamente dessas abelhas para se reproduzir.

Além da importância gastronômica, a meliponicultura possui grande valor socioambiental. O INPA possui um Grupo de Pesquisa em Abelhas [http://gpa.inpa.gov.br/] que não só luta para preservar as Meliponíneas – prejudicadas por desmatamentos, exploração de madeira e grandes queimadas – como também pela conscientização da população nativa, que raramente está bem informada de que a conservação das colméias das sem ferrão pode ser uma fonte renovável de alimento, o próprio mel, e de geração de renda. Para não falar no papel de polinização de lavouras e pomares, o que também multiplica a fartura de alimentos.
A meliponicultura organizada em caixas, sem a destruição das colméias para a coleta do mel, é uma atividade de baixo impacto ambiental que faz uso racional dos recursos florestais, melhora a qualidade de vida das populações nativas e combate o desmatamento, pois inibe a derrubada de árvores que abrigam os ninhos.
Campanha mundial para a proteção das abelhas
Amazônia: a saída é a floresta de alimentos! – parte 3: vamos aos cardápios
Abelhas de risco
Saiba mais:
Condomínio das Abelhas no INPA
FAO – Bees and their role in forest livelihoods
Proposta do setor apícola para a revisão do regulamento da inspeção industrial e sanitária dos produtos de origem animal RIISPOA – 2008
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É colhido mais cedo e exige mais herbicidas. Só bobo pra acreditar num semi artigo desse.
BRASIL , MAIOR PRODITOR DE CELULOSE, COM APENAS 0,5% DE SEU TERRITÓRIO EM EUCALIPTO.KE
Será lobby das madeireiras candadenses?
Lá, derrubam de verdade ,o dobro do que “queimam” na Amazônia.
Arvores da Amazônia como pau de balsa, pouco pesquisados, crescem em 2,5 a 3 anos, muito mais q eucalipto. NEM POR ISTO, A AMAZÔNIA SECA…
Se os motivos apresentados pela turma da campanha, porque nada foi colocado sobre sequestro de carbono, provenientes dessas áreas plantadas?
Esse movimento deveria estudar mais sobre cultura de Eucalipto.
Conseguiu vitoria porque comprou , mais uma vez, parte do legislativo. Inocência seria acreditar que
os legisladores votaram a favor do ladrão condenado, por patriotismo ou bem do Brasil. Puro intere$$e particular. Como patrocina ONG$.