Mudou a forma como ocorre o desmatamento no Brasil. Em vez de grandes áreas desmatadas, os infratores estão preferindo fazer o chamado desmatamento “escadinha”, retirada de árvores sem abrir clarões na floresta, detectáveis pelo satélite usado pelo INPE para alertar o Ibama que, em seguida, pune o desmatador. Por isso, ontem (09), a ministra Izabella Teixeira convocou uma coletiva de imprensa na tarde para anunciar novas medidas no controle do desmatamento.
A primeira das 5 medidas anunciadas é a fiscalização ostensiva durante todo o ano, “mesmo com chuva”, afirmou Izabella. A Força Nacional de Segurança fará o serviço. Pelo atual modelo de fiscalização, as ações de repressão acontecem apenas no período de seca, de abril a setembro. Isso, segundo a ministra, mudou.
Foi anunciado a criação da Força Nacional de Segurança Ambiental, um batalhão voltado exclusivamente para combater o desmatamento na Amazônia. O número de homens deslocados para a ação é sigiloso por motivos estratégicos, disse Izabella para justificar a ausência de mais informações. A Força Nacional trabalhará junto com as Forças Armadas e o Ibama na fiscalização ostensiva e permanente.
“Mudou todo o arranjo de inteligência ambiental e de ação coordenada das entidades federais. Vamos trabalhar com o Exército, Marinha e Aeronáutica. Vamos contar com a inteligência militar”, disse a ministra.
Amanhã sai no Diário Oficial decreto para disciplinar as medidas que já estão em prática desde agosto, quando o número do desmatamento soou o alarme vermelho, pois aumentou 220% em relação ao mesmo mês de 2011.
Pelos dados divulgados hoje, em setembro o desmatamento aumentou 11% em relação ao mesmo mês de 2011, ou 282 km2 contra 254 km². Melhor que agosto, quando o desmatamento cresceu foi de 522 km2, 45% menor do que a taxa do mês anterior.
O governo apresentou uma mudança na forma de apresentar os dados. Pela primeira vez, eles foram divididos entre corte raso e degradação. Essa qualificação nos dados já é feita nas avaliações mensais ou bimestrais do Deter desde 2008. Porém, como a divulgação dos dados brutos é feita antes dos relatórios de avaliação, são esses os dados tornados públicos. Ontem, o MMA divulgou os dados com a qualificação. Do total de setembro, 63% do desmatamento refere-se ao corte raso. E os demais 37% envolvem degradação florestal, o que inclui queimadas. “Dos 522 quilômetros quadrados em agosto, 40% estão associados a desmatamento [corte raso] e 60% a degradação, que inclui queimadas. É um período atípico, com intensificação de queimadas pela seca”, explicou a ministra.
Pequenas discrepâncias nos números dos estados em agosto
O PDF com a divulgação dos números do desmatamento tem discrepâncias com os dados do INPE. Nos números divididos pelos estados, há diferença. No Pará, por exemplo, em agosto houve 227,82 km² de desmatamento. Na apresentação do MMA, a área desmatada é de 212,9 quilômetros quadrados.
Segundo os números do MMA, em setembro a área desmatada no Pará foi de 36,8 quilômetros, uma redução de 83%.
O pico do desmatamento em agosto – que o governo só admitiu hoje mas que ((o))eco já noticiou em setembro – serviu para planejar as ações de fiscalização do Ibama, que lançou a operação Soberania Nacional para combater a aumento do desmatamento. Entre agosto e setembro, o Ibama autuou 226 propriedades com multas que totalizam 216,3 milhões de reais em multas, e embargou 30,4 mil hectares. O volume de madeira apreendida foi de 4,4 mil metros cúbicos em madeira serrada e 10,6 mil em toras.
Veja dados do desmatamento de setembro no mapa interativo InfoAmazonia
*Editado em: 10/10/2012 – às 17h
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