Notícias

Uma nova perereca e o sapo que copula com a fêmea morta

Entre as espécies descritas no início de abril, está uma perereca de cores fortes e chamativas, que vive nas florestas da Colômbia.

Vandré Fonseca ·
4 de abril de 2013 · 12 anos atrás
Pesquisadores de Manaus descreveram comportamento de sapo que continua cópula, mesmo após a morte da fêmea. Crédito: Domingos Rodrigues (acervo do pesquisador)
Pesquisadores de Manaus descreveram comportamento de sapo que continua cópula, mesmo após a morte da fêmea. Crédito: Domingos Rodrigues (acervo do pesquisador)

Veja o local da descoberta em um mapa maior

Manaus, AM – Uma nova espécie de perereca arbórea de olhos vermelhos, do gênero Aglalychni, foi descrita no Vale do Rio Magdalena, no nordeste da Colômbia. Assim como outros do mesmo gênero, a Agalychnis terranova é um animalzinho verde, que prefere viver perto dos rios das florestas tropicais e tem hábitos noturnos. Mas ela se distingue de outros pelos flancos de cor laranja e abundantes verrugas brancas. De acordo com os pesquisadores, a nova espécie é muito parecida com outra, encontrada na América Central, a Agalychinis callidryas, a ponto de serem chamadas de “irmãs”.

A descoberta foi publicada na edição desta quarta-feira (03/04) da revista científica Zootaxa. O autor principal do artigo, Maurício Rivera-Correa é ligado ao Programa de Pós-Graduação em Zoologia, Faculdade de Biociências, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Esta não foi a única novidade a surgir nos últimos dias nas florestas tropicais da América do Sul.

Em Manaus, cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) decifraram o comportamento necrófilo do sapo Rhinella prosbocidea. A espécie se reproduz em lagos, nascentes ou poças d’água no meio da mata. Geralmente a fêmea fica embaixo d’água esperando o resultado da acirrada disputa que ocorre entre os machos e, após a cópula, ela vai embora. Porém, há casos em que a fêmea permanece agarrada na região pélvica pelos machos durante horas ou até mesmo dias e acaba morrendo afogada.

Os pesquisadores descobriram que a permanência do macho aumenta as possibilidades de os ovos sobreviverem, mesmo com a morte acidental da fêmea. “Nesse caso, foi notado que quando o macho solta a fêmea, ela já não tem mais ovos na barriga, mesmo que a fêmea morra os ovos saem e então o macho fecunda os ovos”, explica o biólogo Willian Magnusson, coordenador do Instituto de Estudos Integrados da Biodiversidade Amazonas (Cenban), do Inpa. A pesquisa foi realizada na Reserva Ducke, uma área de 10 quilômetros quadrados em Manaus, usada como laboratório para pesquisas do Instituto.

Leia também

Reportagens
14 de fevereiro de 2025

Valor de multas ambientais está desatualizado, diz superintendente do Ibama no RJ

Discussão retoma após repercussão do caso de mulher que matou onça-parda no Piauí. Pena por maus-tratos de gatos e cachorros é mais que o dobro da de animais silvestres

Salada Verde
14 de fevereiro de 2025

Cientista da Embrapa Pantanal é premiado pela defesa da vida mundial

Pesquisador publicou mais de 200 artigos, capítulos e livros sobre temas como conservação e gestão da biodiversidade

Análises
14 de fevereiro de 2025

A sede do capitalismo de vigilância

Inteligência Artificial e Estresse Hídrico: o alto, oculto e custoso consumo de água por gigantes da comunicação e a promessa de novas IAs

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.