O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) comemora nesta sexta-feira o aniversário de 52 anos do Instituto e 25 anos do Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal (Prodes), o maior programa de monitoramento de florestas do mundo.
O Prodes é a menina dos olhos do Instituto e nasceu oficialmente em 1988, mas sua origem remonta à década de 70. Quem conta a história é a repórter Jaqueline B. Ramos, em matéria publicada aqui em ((o))eco em 2008. A demanda partiu da já extinta SUDAM (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia), que pediu ajuda ao grupo de sensoriamento remoto do INPE para monitorar, através de imagens de satélite, o processo de ocupação da Amazônia subsidiado pelo Governo. A preocupação não era ambiental, ao pedir para monitorar o desmatamento, a Superintendência estava justificando seus recursos para manter o projeto de desenvolvimento da região, o qual implicava justamente em desmatar. Eram outros tempos.
O monitoramento foi feito, mas o projeto não seguiu adiante. Ficou parado por uma década, até surgir o Prodes, em 1988. O sistema utiliza imagens de satélites para analisar 4 milhões de km² todos os anos e consegue “enxergar” corte raso a partir de 6,25 hectares.
Em 2004, nasce o segundo filho do INPE para monitorar o desmatamento: o Deter, sistema mais ágil de detecção de desmatamento, que utiliza imagens do sensor Modis, a bordo do satélite Terra da Nasa. O Deter (Sistema de Detecção em Tempo Real) consegue detectar desmatamentos a partir de 25 hectares, e seu sistema de alertas orienta a fiscalização que o Ibama faz no solo. O Deter foi criado a partir do Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento da Amazônia (PPCDAm).
Juntos, o Prodes e o Deter permitem um acompanhamento preciso ano a ano das perdas de florestas, combinado a alertas rápidos diários. Essa dupla foi a ferramenta que permitiu ao governo encontrar e reprimir os desmatadores e, desde 2008, ajudou a derrubar o total desmatado na Amazônia Legal para um quarto do que era.
A vida dos infratores vai ficar cada vez mais difícil, pois o poder de imagem dos satélites está cada vez mais preciso. Uma parceria entre os governos do Brasil e da Índia lançará o Satélite Amazônia-1, que irá gerar imagens do planeta a cada 4 dias. Com previsão para entrar em funcionamento em 2015, o satélite melhorará os dados de alerta de desmatamento na Amazônia. A previsão é que as imagens do Amazônia-1 consigam detectar polígonos de até 3 hectares.
Feliz aniversário, Prodes, e parabéns também para o Deter.
Leia Também
Inpe e Imazon: vigilantes do desmatamento na Amazônia
Na lente do satélite, crônica da Amazônia
Confirmado o menor desmatamento da história na Amazônia
Leia também
Uma alga desafia o Brasil: Estamos preparados para uma nova arribada massiva de Sargaços?
Enquanto o Caribe vive um embate anual contra estas algas, o Brasil está como que aguardando uma bomba-relógio prestes a explodir a qualquer momento →
Entrando no Clima#36 – Primeira semana de negociações chega ao fim
Podcast de ((o))eco escuta representantes de povos tradicionais sobre o que esperam da COP29 e a repercussão das falas polêmicas do governador Helder Barbalho. →
COP29 caminha para ser a 2ª maior na história das Conferências
Cerca de 66 mil pessoas estão credenciadas para Cúpula do Clima de Baku, sendo 1.773 lobistas do petróleo. Especialistas pedem mudança nas regras →