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Fauna amazônica em risco: o sauim-de-coleira

O homenageado da semana em ((o))eco é um dos macacos mais ameaçados de extinção no bioma da Amazônia.

Redação ((o))eco ·
6 de setembro de 2013 · 10 anos atrás

 
Sauim-de-coleira ([i]Sanginus bicolor[/i]) no zoológico de São Francisco. Foto: Seglea / Wikimedia Commons
Sauim-de-coleira ([i]Sanginus bicolor[/i]) no zoológico de São Francisco. Foto: Seglea / Wikimedia Commons

Uma espécie endêmica da Amazônia Central, o sauim-de-coleira (Sanguinus bicolor) está restrito a uma região bem limitada dentro e ao norte dos limites da cidade de Manaus e em algumas áreas pouco conhecidas dos municípios de Rio Preto da Eva e Itacoatiara, neste somente até a região do rio Urubu. Ao norte do rio Amazonas a espécie ocorre até o km 35 da BR174, com uma área de sobreposição com outra espécie, o sagui-de-mãos-amarelas (Saguinus midas).

Também chamado de sagüi-de-duas-cores ou sauim-de-manaus, o corpo deste pequeno macaco mede entre 21 a 23 cm, sua cauda de 33 a 42 cm, e pesa cerca de 450 gramas. O nome científico bicolor se justifica pelas duas cores do pelo: a parte frontal, os braços, pescoço, tórax e parte das costas tem pelagem branca; a parte traseira do corpo é marrom alaranjada no dorso, na barriga e parte interna das pernas. A cabeça e a face não possuem pelos. Outra característica peculiar é que, com exceção do dedo polegar, suas unhas são como garras bem afiadas, apropriadas para escalar árvores.

O Sanguinus bicolor vive em grupos familiares de 2 a 15 indivíduos, com pouca concorrência interna. Somente a fêmea alfa do grupo terá filhotes. A reprodução das demais fêmeas é comportamentalmente suprimida. Entretanto, todo o grupo ajuda com o cuidado dos jovens, servindo de modelo para que aprendam a caçar e se alimentar. O período de gestação dura de 140 a170 dias e as mães geralmente dão à luz a gêmeos. Os jovens são atendidos principalmente pelo pai e entregues à mãe apenas para mamar.

Onívoro, a dieta do sauim consiste de frutas, flores, néctar, insetos, aranhas, pequenos vertebrados e ovos de aves.

As ameaças à sobrevivência de longo prazo da espécie são múltiplas e decorrem, principalmente, da destruição do habitat e da competição interespécies. Com o crescimento desordenado da cidade de Manaus nos últimos anos a floresta vem sendo derrubada de maneira descontrolada. O desmatamento e a fragmentação reduzem drasticamente as áreas de habitação e alimentação do animal.

Além disso é ameaçado pela competição com o sagui-de-mãos-douradas, também presente nas áreas de entorno da cidade de Manaus. Nesta relação de exclusão competitiva, S. bicolor tem perdido áreas de florestas para S. midas e é gradualmente deslocado em direção às florestas secundárias da área urbana de Manaus, onde é a espécie acaba sendo vítima de atropelamentos. E ainda há um agravante: a significativa barreira geográfica dos rios Negro e Solimões impede que este primata tente sobreviver em outros locais.

A espécie integra o nível mais grave  de ameaça à extinção do ICMBio (criticamente em perigo) e, de acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), é considerada espécie ameaçada. No Brasil, um Plano de Ação lançado em dezembro 2011 pelo ICMBio pretende reduzir a taxa de declínio populacional e assegurar áreas protegidas para a espécie com pelo menos oito populações viáveis de 500 indivíduos cada. O plano tem uma vigência até 2016.

 

 

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