A ave símbolo do estado de São Paulo, e também do Brasil – de acordo com decreto do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso – foi causa de uma forte divisão de opiniões, de acordo com a Folha de São Paulo: o canto do sabiá-laranjeira (Turdus Rufiventris) é tão poderoso (atinge 75 decibéis, pouco menos que ruídos do tráfego) que tem mantido os paulistanos acordados na madrugada.
Mesmo assim é uma ave popular, citada por diversos poetas (entre eles Gonçalves Dias, na sua “Canção do Exílio”) como um pássaro que canta o amor e a primavera. A ave também esteve presente no emblema oficial da recente Copa das Confederações de 2013. Polêmica ou não, ainda é uma paixão nacional: no Amazonas, ele é caraxué; na Bahia, sabiá-coca; sabiá-laranja no Rio Grande do Sul e ainda sabiá-de-barriga-vermelha, sabiá-ponga e sabiá-piranga em outras regiões.
Além do Brasil, o sabiá-laranjeira também é nativo da Argentina, Bolívia, Paraguai e Uruguai. Ocorre numa ampla área que se estende nordeste do Brasil até o sul da Bolívia e norte-leste da Argentina.
Tem plumagem parda, com exceção da região do ventre, destacada pela cor vermelho-ferrugem, levemente alaranjada, e bico amarelo-escuro. As patas são cinzas, o olho negro circundado finamente de amarelo e a garganta é esbranquiçada rajada de marrom, o peito é cinza-pardo, que vai mudando para um alaranjado opaco no ventre. Mede cerca de 25 centímetros de comprimento e pesa, o macho 68 gramas, a fêmea 78 gramas. A espécie apresenta por vezes colorações aberrantes (leucismo, albinismo e flavismo), que podem estar ligadas a alterações no seu ambiente ou mutações genéticas.
O poderoso canto, que ocorre no alvorecer (madrugada) e à tarde, tem a função de demarcar território e, no caso dos machos, para atrair a fêmea. A fêmea também canta, mas numa frequência bem menor que o macho. O canto do sabiá-laranjeira que, em geral, parece com o som de uma flauta doce, é parcialmente aprendido, havendo linhagens geográficas de tipos de canto: em outras palavras, nenhum pássaro da espécie canta exatamente como o outro.
Habita originalmente florestas abertas e beiras de campos, mas por ser uma espécie bastante adaptável também é encontrada nas áreas de lavoura e cidades. Sua alimentação inclui basicamente artrópodes, larvas, minhocas e frutas maduras. Também fazem parte da sua dieta sapos e rãs que acabaram de deixar a fase de girino.
Macho e fêmea constroem o ninho juntos utilizando gravetos, fibras vegetais e barro. A fêmea põe de 3 a 4 ovos que eclodirão após treze dias de choco, recebendo atenção de ambos os pais. Em três semanas os filhotes podem deixar o ninho. Cada fêmea choca três vezes por ano e pode gerar até 6 filhotes por temporada. O sabiá-laranjeira pode viver até dez anos na natureza.
A população do Turdus Rufiventris é considerada estável embora não quantificada, sendo descrito como uma ave comum. Por esta razão a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN, em inglês) a classificou como espécie em condição pouco preocupante.
*Artigo editado em 21/09/2013 às 14h13.
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