Na sexta feira passada (31 de outubro), a empresa mineradora canadense Barrick, anunciou a suspensão indefinida, por fatores econômicos, da construção do projeto de exploração de ouro Pascua-Lama, na fronteira entre o Chile e a Argentina. A área é uma das maiores jazidas de ouro e prata do mundo, com cerca de 18 milhões de onças de ouro (cerca de 529,3 toneladas), com uma vida útil de 25 anos.
Pascua-Lama está rodeada de glaciares, como o Estrecho, Guanaco, Amarillo, Los Amarillos e Canito, além de massas de gelo de menor tamanho, como o Toro 1, Toro 2 e Esperança. A Barrick é acusada por comunidades locais de afetar e prejudicar os glaciares e contaminar os recursos hídricos da região, e um tribunal da província de Copiapó, no mês de abril, determinou a paralisação da construção do projeto até que sejam adotadas as medidas contempladas na Resolução de Qualificação Ambiental, uma licença ambiental no Chile.
“Determinamos que o rumo prudente -nesta fase- é o de suspender o projeto, mas naturalmente nós vamos manter a nossa opção de retomar a construção e terminar o projeto quando as melhorias para os seus desafios atuais sejam atingidas” disse Jamie Sokalsky, CEO da mineradora Barrick. Pascua-Lama, de acordo com a mineradora, é o primeiro projeto de mineração binacional do mundo, com uma mina a céu aberto compartilhada entre a Argentina e o Chile, a mais de 4 mil metros de altitude.
Para ambientalistas chilenos, a paralisação do projeto não ocorreu apenas por fatores econômicos, mas também pela questão ambiental, como a exigência do cumprimento de normas ambientais do país e o respeito às comunidades locais.
No entanto, Eduardo Flores, vice-presidente da Pascua-Lama, afirmou que “é uma decisão econômica. O preço dos metais caiu bastante comparado com anos anteriores, mais de 30%, e isso afeta muito os resultados de um projeto deste tipo”. E acrescentou que as atividades estarão suspensas até que “sejam resolvidas as situações legais e as situações de licenças”.
Até agora, a Barrick teria investido quase US$ 5 bilhões no projeto Pascua-Lama. O valor do projeto aumentou 9 vezes ao longo de 13 anos. Em 2000, custava 950 milhões de dólares e hoje estima-se que vá custa 8,5 bilhões de dólares.
Saiba mais
Relatório do 3o trimestre 2013 – Barrick
Leia também
As cicatrizes do planeta vistas do espaço
Porque o mercúrio é usado na mineração de ouro
Balança do ouro pesa contra a floresta em Madre de Dios
Guiana Francesa sofre com mineração ilegal de ouro
Leia também
Garimpo já ocupa quase 14 mil hectares em Unidades de Conservação na Amazônia
Em 60 dias, atividade devastou o equivalente a 462 campos de futebol em áreas protegidas da Amazônia, mostra monitoramento do Greenpeace Brasil →
As vitórias do azarão: reviravoltas na conservação do periquito cara-suja
O cara-suja, que um dia foi considerado um caso quase perdido, hoje inspira a corrida por um futuro mais promissor também para outras espécies ameaçadas →
Organizações lançam manifesto em defesa da Moratória da Soja
Documento, assinado por 66 organizações, alerta para a importância do acordo para enfrentamento da crise climática e de biodiversidade →