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Projeto polêmico de mina de ouro chilena-argentina é suspenso

Empresa afirma que decisão obedece a fatores econômicos, enquanto ambientalistas chilenos creditam a guinada a exigências socioambientais.

Giovanny Vera ·
7 de novembro de 2013 · 10 anos atrás

A Pascua-Lama é a primeira mina binacional do mundo, e tem uma reserva de cerca de 560 mil toneladas de ouro. Crédito: Google Earth
A Pascua-Lama é a primeira mina binacional do mundo, e tem uma reserva de cerca de 560 mil toneladas de ouro. Crédito: Google Earth

Na sexta feira passada (31 de outubro), a empresa mineradora canadense Barrick, anunciou a suspensão indefinida, por fatores econômicos, da construção do projeto de exploração de ouro Pascua-Lama, na fronteira entre o Chile e a Argentina. A área é uma das maiores jazidas de ouro e prata do mundo, com cerca de 18 milhões de onças de ouro (cerca de 529,3 toneladas), com uma vida útil de 25 anos.

Pascua-Lama está rodeada de glaciares, como o Estrecho, Guanaco, Amarillo, Los Amarillos e Canito, além de massas de gelo de menor tamanho, como o Toro 1, Toro 2 e Esperança. A Barrick é acusada por comunidades locais de afetar e prejudicar os glaciares e contaminar os recursos hídricos da região, e um tribunal da província de Copiapó, no mês de abril, determinou a paralisação da construção do projeto até que sejam adotadas as medidas contempladas na Resolução de Qualificação Ambiental, uma licença ambiental no Chile.

“Determinamos que o rumo prudente -nesta fase- é o de suspender o projeto, mas naturalmente nós vamos manter a nossa opção de retomar a construção e terminar o projeto quando as melhorias para os seus desafios atuais sejam atingidas” disse Jamie Sokalsky, CEO da mineradora Barrick. Pascua-Lama, de acordo com a mineradora, é o primeiro projeto de mineração binacional do mundo, com uma mina a céu aberto compartilhada entre a Argentina e o Chile, a mais de 4 mil metros de altitude.

Para ambientalistas chilenos, a paralisação do projeto não ocorreu apenas por fatores econômicos, mas também pela questão ambiental, como a exigência do cumprimento de normas ambientais do país e o respeito às comunidades locais.

No entanto, Eduardo Flores, vice-presidente da Pascua-Lama, afirmou que “é uma decisão econômica. O preço dos metais caiu bastante comparado com anos anteriores, mais de 30%, e isso afeta muito os resultados de um projeto deste tipo”. E acrescentou que as atividades estarão suspensas até que “sejam resolvidas as situações legais e as situações de licenças”.

Até agora, a Barrick teria investido quase US$ 5 bilhões no projeto Pascua-Lama. O valor do projeto aumentou 9 vezes ao longo de 13 anos. Em 2000, custava 950 milhões de dólares e hoje estima-se que vá custa 8,5 bilhões de dólares.

 

 

Saiba mais
Relatório do 3o trimestre 2013 – Barrick

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  • Giovanny Vera

    Giovanny Vera é apaixonado pela área socioambiental. Especializado em geojornalismo e jornalismo de dados, relata sobre a Pan-Amazônia.

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