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Bolsonaro pode rever extinção do Ministério do Meio Ambiente

O presidenciável afirmou que discutirá meio termo da proposta, mas já adianta que novo ministro da pasta ambiental será alguém ligado aos ruralistas

Sabrina Rodrigues ·
25 de outubro de 2018 · 5 anos atrás
Em transmissão ao vivo pelo Facebook, o candidato Jair Bolsonaro (PSL) afirmou que irá chegar ao meio termo e manter os ministérios do Meio Ambiente e Agricultura. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil.

Em transmissão ao vivo através de sua página do Facebook, na noite de quarta-feira (24), o candidato Jair Bolsonaro (PSL) admitiu a possibilidade de não fundir os ministérios da Agricultura com o Meio Ambiente. O anúncio foi feito após receber críticas vindas de representantes do setor agrário.

“Está tendo um atrito agora, sobre se funde ou não o Ministério da Agricultura com o Meio Ambiente. Da minha parte, estou pronto para negociar. Eu falei para o pessoal do agronegócio que isso era importante e eles concordaram. Alguns, agora, estão discordando”, afirmou o presidenciável.

O recuo não significa mudanças em como o candidato pretende lidar com a questão ambiental. No mesmo pronunciamento, Bolsonaro afirma que chegará em um meio termo sobre a questão, mas se forem mantidos os dois ministérios, adianta que colocará como ministro de meio ambiente “uma pessoa que não tem vínculo com o que há de pior nesse meio que nós sabemos”.

“O coitado do agricultor, você produtor, você seja quem for quer uma licença ambiental, você leva aí 10 anos! Se é que você vai conseguir licença ambiental. Isso é crime! Vamos preservar o meio ambiente. Mas não vamos atrapalhar a vida de quem quer produzir no Brasil! Somos 208 milhões de habitantes. Uma das poucas coisas que estão dando certo no Brasil é a questão voltada para o agronegócio, para a agricultura familiar também. Não podemos atrapalhar o progresso do Brasil”.

Assista ao vídeo

PS: a fala sobre rever fusão dos ministérios está a partir dos quinze minutos e trinta segundos.

Discordâncias

Talvez a resposta de Jair se deva às reações adversas vindas justamente de dentro do setor ruralista e industrial. No domingo (21), em entrevista ao Direto ao Ponto, do Canal Rural, o atual ministro da Agricultura, Blairo Maggi, declarou ser contra a fusão dos Ministérios do Meio Ambiente (MMA) e Agricultura (MAPA). “Mal consigo dar conta da minha agenda em função das demandas que tem e abro mão de participar de diversos fóruns importantes porque não tem espaço nem tempo para fazer. Agora você imagina ter que lidar com as duas áreas, é muito difícil de isso dar certo e em algum momento um vai prejudicar o outro”.

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) também se manifestou contrário à fusão das pastas do meio ambiente com a agricultura. Em entrevista, concedida ao Valor Econômico, publicada na segunda-feira (22), Robson Braga Andrade declara: “O problema do meio ambiente no Brasil não é problema da agricultura. Quem vai discutir problemas ambientais relativos a saneamento, a energias renováveis, a rodovias, ferrovias, portos?” E continua: “O Ministério do Meio Ambiente é importantíssimo. Vai passar todo o licenciamento da indústria, infraestrutura, de serviço, posto de gasolina, tudo isso vai passar a ser licenciado dentro do Ministério da Agricultura? Petróleo e gás vai ficar na Agricultura? Somos um dos países mais avançados em legislação ambiental, sempre discutindo a proteção da Amazônia, não tem o menor sentido acabar com o Ministério do Meio Ambiente”.

Robson Braga Andrade também não vê com bons olhos a ideia do Brasil se retirar do Acordo de Paris. O presidente da CNI diz que precisamos melhorar o acordo e que se não cuidarmos do meio ambiente, não haverá sustentabilidade. “Imagina quanto já investimos, na indústria brasileira, em questões ambientais, em redução de emissões. Aí, de repente, joga-se isso fora e vamos começar tudo de novo. Não é assim…”, afirmou Robson Andrade.

 

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  • Sabrina Rodrigues

    Repórter especializada na cobertura diária de política ambiental. Escreveu para o site ((o)) eco de 2015 a 2020.

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Comentários 7

  1. LC 140 diz:

    Não é a União que licencia postos de gasolina


  2. Michele diz:

    Responde não. Eliminar bandido, qual o problema? Quando vcs falam em eliminar, genocídio, meter bala, etc é tudo figura de linguagem né? Pros outros é uma ameaça à democracia. De qualquer forma, é melhor vc se conformar com a eleição.


    1. José diz:

      O problema é q não se elimina ninguém num contexto mínimo de civilidade, muito menos adversário político, como criminosamente defende esse estrupício covarde. Se a Sra não consegue ver isso, paciência, mas por mim pode poupar consideração. Abraço.


  3. Jose Alberto diz:

    Patético O Eco colocar foto de adorador de torturador, que já disse que vai exterminar quem pensa diferente, todo se rindo, tipo um bolsonaro paz e amor. E fazer matéria enaltecendo a ideia de que o cara é um democrata, um estadista, que negocia. Nojento. Até vcs se venderam?


    1. Michele diz:

      E tome mentira né, José Alberto? Onde ele disse que vai exterminar quem pensa diferente, infeliz? Mais um que vive de fakenews.


  4. marciomottabio diz:

    Fico pensando que mensagem essa reportagem quer passar aos leitores de O Eco, com essa imagem de um Bolsonaro risonho e feliz. Discurso vazio para tentar convencer parte do eleitorado dois dias antes da eleição.O que vale (e o que será cobrado) é o que está escrito no Plano de Governo. Não me engana.


  5. José diz:

    Mas é um arregão mesmo kkkk. Imagina esse cagalhão negociando com Trimp, Putin ou com os chineses… tamo frito!