Com a intenção de ampliar o imaginário e o poder de escolha dos jovens eleitores, coletivos de ativismo lançam campanha em prol do voto verde. A campanha é do Megafove Ativismo, Lab Experimental e Pimp My Carroça que se reuniram para promover uma ação de conscientização.
A juventude estará participando dessas eleições como nunca. De acordo com dados do Superior Tribunal Eleitoral (TSE), aproximadamente 2,1 milhões de novos eleitores dos 16 aos 17 anos (quando o voto ainda é facultativo) foram registrados para o próximo pleito no Brasil, um aumento de 51,13% em relação a 2018.
Primeiro, foram consolidados dados de pesquisas sobre a relação dos jovens com a política no Brasil e na América Latina, a partir de fontes como o Latinobarómetro, o Atlas da Juventude e a pesquisa Juventude no Poder – além de dados específicos sobre democracia e eleições, incluindo informações sobre as eleições e a Amazônia.
Segundo dados da pesquisa Democracia e Eleições, de 2021, divulgada pelo Ipec (ex-Ibope), 27% dos jovens acreditam que a “preservação da Amazônia e do meio ambiente” deveriam ser prioridade dos governos. Mas, dentre as conclusões gerais, também está a descrença desses mesmos jovens em relação ao sistema democrático.
“O que a gente percebeu através dos dados foi que uma quantidade grande de jovens estariam dispostos a abrir mão da democracia se isso fosse representar uma melhoria nas condições gerais de vida. Mesmo também observando uma maior tendência de politização sobre questões como as identitárias e de gênero, ficou o alerta de que era urgente iniciar um processo de conscientização política mais profunda e que a oportunidade eram essas eleições” explica Hércules Laino, do Lab Experimental.
Avançando nessa construção, os coletivos concluíram também que o meio ambiente é, dentre as pautas de interesse dessa faixa etária, a mais transversal, o que deu origem à campanha “Primeiro Voto Verde”.
“A gente percebeu que é um tema que abarca a todos, é um dos mais democráticos porque pode ser considerado importante independente do tipo de bandeira identitária, classe ou gênero. A nossa intenção sempre foi atuar sem proselitismo, para que esse jovem entenda o funcionamento do sistema e faça as suas escolhas, respeitando a percepção que ele já tem de que o meio ambiente necessariamente terá importância para o seu futuro”, complementa Laino.
Em sua primeira fase, a campanha focou no incentivo para que os jovens tirassem o seu primeiro título de eleitor, com a produção de publicações coletivas em redes sociais juntamente a dezenas de coletivos, artistas e ativistas em todo o país, além da colagem de lambes do líder indígena Raoni, como modo de trazer visibilidade para a questão amazônica através do artivismo – a junção entre arte e ativismo.
Agora, em sua segunda fase, as publicações e colagens seguem, mas com foco em uma contagem regressiva para as eleições, que incluem informações didáticas sobre o funcionamento do legislativo.
Toda a comunicação tem a intenção de se comunicar especificamente com os jovens, tanto no que se refere às escolhas gráficas quanto à linguagem dos textos propostos para às redes sociais.
Os coletivos e ativistas que realizam as republicações podem modificar as informações e peças como desejarem e uma primeira colagem de lambes já está sendo realizada, com imagens de outras lideranças políticas importantes na história do país, como Chico Mendes – iniciativa criada conjuntamente com o Comitê Chico Mendes, no Acre.
As pesquisas que embasam a campanha também indicaram que os jovens tendem a ser influenciados muito mais por opinião do que por informação, sobretudo por conta das dinâmicas nas redes sociais.
Realizar nessas plataformas postagens de uma contagem regressiva informativa, com dados sobre meio ambiente e política com uma linguagem direcionada, foi o principal caminho escolhido para a ação da campanha. Sempre deixando claro que, antes de votar, é importante conhecer o que planeja o candidato escolhido para a área ambiental. Uma lição que muitos dos que já estão há bastante tempo no chamado mundo dos adultos ainda não aprenderam.
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