Decifra-me ou te devoro – Dicionário da COP explica jargões da Conferência do Clima no Egito

As inúmeras siglas que acompanham as negociações climáticas da ONU dificultam o entendimento do que está sendo falado até para os mais íntimos no assunto. COP, Perdas e Danos, NDC e Financiamento climático são alguns dos jargões que serão muito usados na Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas deste ano, realizada no Egito desde o último domingo (6) e até o final da próxima semana.

Decifrar esses termos é fundamental para ficar por dentro das discussões e não ser devorado pela montanha de siglas e conceitos. Você não precisa ser um expert no assunto, mas compreender conceitos básicos vai te ajudar a passear pelas notícias sobre o evento. Insha’Allah!

Pra começar a entender

COP

Conferência das Partes, reunião anual dos países participantes do tratado ambiental internacional adotado em 1992 para estabilizar as emissões globais de gases de efeito estufa. A COP deste ano, no Egito, é a 27ª reunião desse grupo, portanto, a COP27.

Parte 

Um país ou bloco de países que aderiu a um acordo internacional, como a UNFCCC ou o Acordo de Paris. A Convenção das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima é formada por 197 partes. Muitas vezes essas “partes” se reúnem em grupos ou blocos para negociar juntos, como os Países Menos Desenvolvidos, Grupo África e G77, que reúne nações em desenvolvimento.

Mitigação 

É o termo usado para se referir à redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE), a fim de evitar ou minimizar os impactos das mudanças no clima. Muitas vezes pode significar, em termos práticos, o uso de novas tecnologias e fontes de energia renovável, em substituição a equipamentos mais antigos e poluentes, por exemplo.

Adaptação 

Além de fazer todo o possível para reduzir as emissões e diminuir o ritmo do aquecimento global, os países também devem se adaptar às consequências climáticas para que possam proteger seus cidadãos. Um exemplo seria a mudança de design e materiais usados na construção de um prédio, para que ele retenha menos calor. 

Mercado de carbono

É um mecanismo – ainda não formalmente implementado – através do qual países que ainda não conseguiram atingir suas metas de redução de emissões podem comprar créditos de carbono de países que têm esses créditos sobrando. Nações com grandes áreas florestais, por exemplo, são potenciais “vendedoras” de créditos de carbono.

Crédito de Carbono

É uma “moeda” do mercado de carbono e representa a não emissão de gases estufa para a atmosfera. Por exemplo: um projeto de preservação de área nativa pode ter sua área precificada, a partir da quantidade de carbono estocado naquela área, por empresas independentes que lidam com esse assunto. Uma tonelada de CO2 corresponde a 1 crédito. 

Nível intermediário

IPCC

A sigla, em inglês, significa Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas. O IPCC foi criado em 1988 no âmbito das Nações Unidas com o objetivo de avaliar e compilar a produção científica e técnica sobre as mudanças climáticas. 

UNFCCC

A sigla, que significa Convenção Quadro das Nações Unidas Sobre Mudanças Climática, refere-se a um tratado firmado durante a Rio-92, e ratificado por 189 países, que tem o objetivo de organizar esforços multilaterais para fazer frente à mudança climática. No âmbito da ONU, é a UNFCCC a responsável por organizar a COP.

Acordo de Paris

 Um acordo internacional sobre mudanças climáticas adotado em 2015. Atualmente, 187 Partes aderiram formalmente ao documento, que trata de mitigação, adaptação e financiamento climático. Foi esse tratado que estipulou que as nações deveriam apresentar metas formais de redução de emissões, chamadas NDC.

NDC

Sigla que significa Contribuição Nacionalmente Determinada e refere-se às metas adotadas pelos países para reduzir suas emissões. Exemplo: o Brasil adotou como NDC a redução de 37% de suas emissões até 2025, e de 50% até 2030.

Go Pro

Financiamento climático

É a grana que sai de fontes públicas, privadas e alternativas para apoiar ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas. Existem vários níveis de financiamento: os locais, regionais, nacionais e internacionais. O dinheiro que países europeus mandam para a execução de projetos de preservação ambiental no Brasil poderia ser enquadrado nessa definição.

Justiça Climática

Termo usado para enquadrar o aquecimento global como uma questão ética e política, em vez de uma questão de natureza puramente ambiental ou física. Para o Paquistão, por exemplo, que teve ⅓ de seu território inundado em setembro passado devido às intensas chuvas, é uma questão de justiça que países desenvolvidos – que já emitiram muito e contribuíram historicamente para o cenário de mudanças climáticas que enfrentamos agora – paguem para que ele possa se reconstruir. 

Perdas e danos

Certas ilhas do Pacífico estão sumindo devido à elevação do nível do mar. Para elas, não há adaptação que dê jeito, a água vai subir e eles perderão suas casas. Pagar para que essas nações possam reparar os danos causados e possam reconstruir suas vidas de outra forma se enquadra na definição de perdas e danos. Quem vai pagar a conta e quanto seria necessário ter de reserva é um dos assuntos principais que devem ser discutidos na COP 27, junto com financiamento para mitigação e adaptação.