De janeiro a setembro de 2021, a Amazônia perdeu 8.939 km² de floresta, segundo dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), divulgados nesta quarta-feira (20). O número é 39% maior do que o mesmo período em 2020 e o pior índice em 10 anos.
Em setembro, a floresta perdeu diariamente uma área maior do que 4 mil campos de futebol. No período, foram derrubados 1.224 km², o que corresponde ao tamanho da cidade do Rio de Janeiro e também é a pior marca para setembro em 10 anos.
O desmatamento registrado em setembro de 2021 é três vezes superior ao registrado em 2018, último ano antes da gestão Bolsonaro. Naquele ano, setembro contabilizou 443 km² de desmatamento.
A maior parte do desmatamento registrado no mês (59%) ocorreu em áreas privadas ou sob diferentes estágios de posse. O restante foi registrado em Assentamentos (29%), Unidades de Conservação (10%) e Terras Indígenas (2%).
Faltando pouco mais de uma semana para começar a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP-26), o Imazon defende que o Brasil precisa apresentar ações mais efetivas para proteger a Amazônia.
“A intensificação do desmatamento na Amazônia Legal não favorece a imagem do Brasil na COP-26. É necessário que o país adote urgentemente medidas significativas para combater o desmatamento e, consequentemente, reduzir as emissões dos gases de efeito estufa”, afirma a pesquisadora do Imazon Larissa Amorim.
Dentre as medidas citadas pela pesquisadora estão o aumento da fiscalização nos locais mais afetados, o embargo e áreas desmatadas ilegalmente, a punição dos responsáveis e a destinação de terras públicas. Atualmente, cerca de 30% da Amazônia Legal é formada por terras públicas que ainda não possuem uso definido.
Desmatamento nos estados
O Pará segue pelo quinto mês consecutivo no topo do ranking dos estados que mais desmataram a Amazônia. Em setembro, foram destruídos neste estado 474 km², o que corresponde a 39% do total.
Amazonas e Rondônia aparecem em segundo e terceiro lugares no ranking, com 261km² (21%) e 178 km² (14%) destruídos, respectivamente. Segundo o Imazon, os dados reforçam o alerta de que a devastação está avançando na divisa desses dois estados com o Acre, que em setembro ficou em quinto no ranking de desmatadores, com 118 km² (10%).
Áreas protegidas
Seis das 10 terras indígenas mais afetadas pelo desmatamento em setembro estão em solo paraense, sendo que as TIs Apyterewa e Cachoeira Seca aparecem na primeira e segunda posições.
Já na lista de unidades de conservação mais afetadas, 5 das 10 listadas também ficam no Pará. APA Triunfo do Xingu (PA) está na primeira posição do ranking, com 31 km² desmatados, seguida pela Resex Chico Mendes (AC), com 25 km², e Flona do Jamanxim (PA) em terceiro, com 13 km².
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