De janeiro a outubro de 2021, a Amazônia perdeu 9.742 km² de floresta, segundo dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), divulgados nesta quarta-feira (17). O número é 33% maior que o mesmo período em 2020, quando a devastação já havia batido a maior marca desde 2012.
Somente no mês de outubro, o total destruído somou 803 km², área quase quatro vezes maior do que a cidade do Recife. O número representa um aumento de mais de 300% em relação ao registrado em 2018, último ano antes da gestão Bolsonaro. Naquele ano, outubro contabilizou 186 km² de desmatamento.
Durante a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP-26), realizada nas últimas semanas em Glasgow, Escócia, o Brasil anunciou metas mais ambiciosas de redução do desmatamento na Amazônia.
No dia 1º de novembro, segundo dia da COP-26, o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, disse que o país anteciparia em dois anos o fim do desmatamento: de 2030 para 2028. Para isso, o plano do governo é fazer uma diminuição gradual da destruição da floresta: 15% ao ano entre 2022 e 2024, subindo para 40% entre 2025 e 2027, até alcançar o desmatamento zero em 2028.
Fora dos corredores da COP, no entanto, a realidade mostra um quadro diferente do anunciado pelo governo, que até o momento se mostrou incapaz de conter a perda de florestas no bioma.
“A área desmatada em outubro é preocupante, porque mostra que seguimos com patamares elevadíssimos de perda de floresta, que reportamos mês a mês. Estamos em um cenário ainda muito distante de atingir as metas que foram firmadas”, alerta Antônio Fonseca, pesquisador do Imazon.
Para mudar esse cenário de recordes negativos de desmatamento, conforme Fonseca, é preciso adotar medidas que reduzam a impunidade no campo.
“Enquanto houver invasões de florestas públicas por grileiros, com objetivo de obter a posse legalizada dessas áreas, o desmatamento, infelizmente, tende a continuar nesses patamares”, afirma o pesquisador.
Nova geografia do desmatamento
O Pará segue no topo do ranking dos estados que mais desmataram a Amazônia. Há seis meses nesta posição, o Pará foi responsável por 56% da destruição no bioma em outubro. Além disso, sete dos 10 municípios que mais destruíram a floresta ficam em solo paraense.
Três destes municípios estão localizadas ao longo da Rodovia Transamazônica, o que mostra uma nova localização do desmatamento no estado. Geralmente, o desmatamento vinha ocorrendo na divisa com o Mato Grosso, em municípios como São Felix do Xingu e Novo Progresso.
O Amazonas ficou em segundo lugar no ranking, com 13% do total desmatado no bioma. Naquele mês, a área destruída somou 106 km², uma alta de 39% em relação ao mesmo mês de 2020.
Segundo o SAD, os municípios que mais desmataram estão localizados ao sul do território amazonense, como Lábrea e Apuí, reforçando os dados que mostram esta como a nova fronteira do desmatamento no Estado.
Mato Grosso ficou em terceiro na lista, com 11%, seguido por Rondônia (10%), Acre (6%), Roraima (2%), Maranhão (1%) e Amapá (1%).
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