Notícias

El Niño matou mais 90% de algumas colônias do coral-de-fogo na Costa do Descobrimento

O fenômeno foi mais prolongado em 2018-2019 do que em 2015-2016 e elevou a temperatura média da água em 2,6ºC, cegando a 29,6Cº

Evanildo da Silveira ·
9 de julho de 2019 · 5 anos atrás
90% das colônias de coral-de-fogo estão com branqueamento em alguns recifes do Sul da Bahia. Foto: Divulgação/Coral Vivo.

O aumento da temperatura média da água nos recifes de coral na Costa do Descobrimento, na Bahia, causado pelo fenômeno El Niño, elevou a mortalidade de algumas espécies desses organismos a níveis nunca registrados antes. Um levantamento, realizado pelo Projeto Coral Vivo, constatou que o índice mortes do coral-de-fogo (Millepora alcicornis) ultrapassou 90%, em alguns recifes da região.

O El Niño de 2018-2019 foi mais prolongado e as águas ficaram mais aquecidas do que em 2015-2016. A temperatura do mar na Costa do Descobrimento chegou a 31,4ºC em recifes mais rasos. A média entre janeiro e maio deste ano ficou em 29,6ºC, 2,6ºC mais alta do que a registrada no mesmo período de 2018. “Também observamos um aumento de quase 15% da radiação solar incidente na região durante a ocorrência do evento”, informa, por meio de sua assessoria de imprensa, o zootecnista Carlos Henrique Lacerda, coordenador regional de pesquisas do Projeto Coral Vivo, programa patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental.

Colonias de coral-de-fogo já apresentavam branqueamento em fevereiro neste monitoramento do Coral Vivo. Foto: Divulgação/Coral Vivo.

De acordo com ele, como as temperaturas se mantiveram elevadas até junho, os corais-de-fogo começaram a morrer em maio. Além disso, em 2019, pela primeira vez no Brasil, foi observada e registrada a mortalidade de colônias e recrutas também de outras espécies, por causa do El Niño. É o caso da Agaricia humilis e da Favia gravida, que vivem em recifes mais rasos, próximos à costa. Apesar de serem espécies consideradas tolerantes ao estresse térmico, apresentaram uma elevada porcentagem de branqueamento, variando entre 60% e 80%, com perdas acima de 50% no número de colônias e recrutas.

O El Niño também causou danos aos corais em outros locais da costa brasileira. Em São Paulo, foi observado um branqueamento de 80% das colônias e mortalidade de 2%. Os efeitos do fenômeno nos recifes de Tamandaré, em Pernambuco, entre 1998 e 1999, também foram severos. Mas neste caso, as colônias se recuperaram depois, embora lentamente, por causa da adoção de várias medidas de manejo e conservação, incluindo legislação específica de proteção com a criação de áreas de preservação e a redução de impactos diretos, com envolvimento da comunidade local.

 

Leia Também 

Branqueamento mata 70% do maior recife de coral do Japão

Cientistas detectam imenso branqueamento de corais no sudeste brasileiro

Peixes de corais sofrem de “síndrome de Dory”

 

Leia também

Notícias
17 de julho de 2017

Peixes de corais sofrem de “síndrome de Dory”

Estudo revela o efeito nefasto de pequenas quantidades de petróleo no sistema nervoso de espécies que vivem em corais – e da ameaça a todo o ecossistema

Reportagens
16 de abril de 2019

Cientistas detectam imenso branqueamento de corais no sudeste brasileiro

Causado pelo aquecimento anormal das águas do oceano, evento atingiu 80% das colônias, levando 2% à morte

Notícias
12 de janeiro de 2017

Branqueamento mata 70% do maior recife de coral do Japão

A mortandade dos corais ocorreu na lagoa de Sekisei, em Okinawa. Autoridades japonesas afirmam que o cenário chegou ao ponto de extrema gravidade

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Comentários 1

  1. Sleep Calm diz:

    Trágica noticia uma pena