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Enfraquecimento do Fundo Amazônia “não é uma opção”, diz ministro norueguês

Ola Elvestuen, titular do Meio Ambiente, confirma que fim do fundo é uma possibilidade

Observatório do Clima ·
4 de julho de 2019 · 5 anos atrás
Edifício-sede do BNDES, gestor do Fundo Amazônia. Foto: Marcio Isensee e Sá.

O ministro do Clima e Meio Ambiente da Noruega, Ola Elvestuen, 51, disse nesta quinta-feira (4) que seu país não vê necessidade de mudança na governança do Fundo Amazônia e confirmou que existe a possibilidade de extinção do fundo.

Numa imprensa publicada pelo ministério, ele se diz preocupado com as notícias sobre elevação da taxa de desmatamento e afirma que entrar numa forma de cooperação com o Brasil “que enfraqueça os fundamentos da nossa parceria não é uma opção”.

Traduzido do diplomatês, o ministro quis dizer que a Noruega, maior doador do Fundo Amazônia, não aceitará desvios de finalidade no fundo, criado em 2008 para apoiar políticas de combate ao desmatamento e cujos desembolsos estão condicionados à redução da taxa de devastação da floresta.

O ministro do Meio Ambiente do Brasil, Ricardo Salles, planeja fazer as duas coisas: mudar a governança do fundo, reduzindo o número de membros do recém-extinto Comitê de Orientação do Fundo Amazônia (Cofa) de modo que o governo federal tenha a maioria dos assentos; e usar o recurso para outras finalidades, como bancar “regularização fundiária” em unidades de conservação – o que, na Amazônia, em geral significa dar dinheiro a invasores de terra pública.

Desmatamento acumulado na Amazônia até 2017; ministro Ricardo Salles afirmou que região tem “desmatamento zero”. Imagem: MapBiomas.

Salles tem sinalizado que quer cortar os recursos do fundo que hoje vão para organizações da sociedade civil – que ele já afirmou, sem mostrar nenhuma evidência, que fazem uso irregular do dinheiro e não entregam resultado.

Nesta quarta-feira (3), Salles se reuniu com os embaixadores da Noruega, Nils Martin Gunneng, e da Alemanha, Georg Witschel, para conversar sobre o futuro do fundo. Os doadores reconheceram que há um “impasse” após a extinção do Cofa, na última sexta-feira, e admitiram que o Fundo Amazônia pode acabar.

“O objetivo da Noruega é continuar a parceria, embora nós reconheçamos que a terminação do fundo também é uma possibilidade”, afirmou o ministro do país escandinavo.

Segundo ele, o fundo tem funcionado bem até aqui e a Noruega mantém seu acordo com o Brasil. Mas avisa: “Não pode haver mudanças na estrutura de direção do fundo sem o consentimento da Noruega como parte do acordo”. E completa: “Nós não poderíamos endossar soluções que minem os bons resultados que já alcançamos ou comprometam os princípios da Noruega no que diz respeito à ajuda ao desenvolvimento”.

 

 

logo Republicado do Observatório do Clima através de parceria de conteúdo.

 

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Comentários 10

  1. George diz:

    Viva Rio… mas no Rio também teve o Sérgio Cabral. Portanto todos os políticos são corruptos e nefastos?


  2. George diz:

    "Se um exercito de ONGs e ambientalistas…"

    Um exército inimigo dentro de nossa pátria! Debaixo da cama! Até os paranóicos tem inimigos!

    O que temos mesmo é um exército de lobistas da grilagem em Brasília, lesando os interesses do agro que produz, exporta, e quer segurança jurídica e acordo com a UE.


  3. George diz:

    "Intervir internamente sob a justificativa que está pagando"

    Nada disso. É especificar o serviço ambiental pelo qual está disposto a pagar. Se o vendedor – o Brasil – não quer atender as especificações por "interesses nacionais", então não vende o serviço e não recebe o dinheiro. Simples assim.

    Se uma fábrica tem que ajustar seu produto para atender a um comprador, ninguém acha que o comprador está "intervindo internamente."


    1. Flávio diz:

      Meu amigo, qual a parte da discordância do atual governo com a negociação anterior, lesiva aos interesses nacionais você não entendeu? Você realmente acha que a uma governança externa que decide o que é melhor para nós e a quem vai financiar é uma garantia de salvaguardas dos interesses nacionais? Se um exercito de ONGs e ambientalistas carreiristas cuidam de seus próprios interesses ao arrepio da lei e condescendência de governos corruptos, o problema não está no MMA atual ou no ministro, mas ao modelo de submissão aceito e defendido pela zumbilândia politicamente correta incapaz de enxergar além da própria militãncia .


  4. George diz:

    O dinheiro é deles. Podem impor a condição que quiserem. O Brasil é soberano para não aceitar.

    Se o Brasil estivesse doando dinheiro a Noruega para desativar a indústria baleeira, certamente ia querer ter algum controle sobre como o dinheiro é gasto.

    Esses arroubos nacionalistas indicam não entender nada de comércio internacional – pois é disso que se trata. O Brasil não exporta só soja.
    O Brasil também exporta proteção ambiental. É um serviço, e tem um mercado que cresce exponencialmente. Mas tem que atender ao gosto do cliente, assim como quem exporta sapatos. Dizer que quer receber pelo serviço mas executar do jeito que bem entender é dizer que não quer trabalhar com esse cliente.


  5. Flávio diz:

    Para se ter uma ideia do grau de cinismo do governo norueguês, e a alienação ou provavelmente parcialidade com que a imprensa e militância ambientalóide tratam da questão, servindo de massa de manobra contra os interesses do próprio país:
    Deu na BBC: "O governo da Noruega, responsável por duras críticas a políticas ambientais do Brasil na última semana, é o principal acionista da mineradora Hydro, alvo de denúncias do Ministério Público Federal (MPF) do Pará e de quase 2 mil processos judiciais por contaminação de rios e comunidades de Barcarena (PA), município localizado em uma das regiões mais poluídas da floresta amazônica."

    Disponível em https://www.bbc.com/portuguese/brasil-40423002


  6. George diz:

    A velha prepotência brasileira… queremos receber as doações, mas não aceitamos palpite sobre o que será feito.

    Ninguém é obrigado a aceitar ajuda internacional para países sub-desenvolvidos – pois é disso que se trata. Mas o Brasil quer a esmola – está lá no Acordo de Paris lutando para que haja transferência de recursos para cá. Porque o Ministro não diz logo aos noruegueses que não quer o dinheiro? É assim que se demonstra independência e soberania, não é falando grosso com o pires na mão.


    1. Flávio diz:

      Não, não é disso que se trata. O que se trata é o processo de desmonte das soberanias nacionais através da cunha ambiental como forma de pressão geopolítica. Esta é a razão da chantagem do Clube de Paris e a prepotência da Noruega, a mesma que atua para exterminar baleias e com multinacionais que poluem a Amazônia que dizem defender. Na mesma batida da Merkel, que dirige um pais com 40% de sua matriz energética baseada no carvão fóssil e é a maior poluidora da UEE.
      O que ocorre é que a zumbilandia politicamente correta é massa de manobra contra os interesses do próprio pais e aceita tranquilamente o desrespeito à nação e ao governo. Afinal, têm muita gente vendendo a alma em interesse próprio.


      1. Carlos Magalhães diz:

        Excelente comentário, Flávio. A doação é feita AO BRASIL, certo que com finalidade específica, mas o governo é que tem que ter liberdade de gestão e de políticas de uso desses recursos, sempre respeitando, evidentemente, a finalidade da doação. O que não podemos mais é nos sujeitarmos a dedinhos em riste de políticos de outros países nos "ensinando" como fazer preservação.


  7. Flávio diz:

    Ou seja: A ministra militante acredita que o país deve deixar a Noruega intervir em assuntos internos e determinar qual o destino dos recursos e contabilizar na conta do governo, usando ONGs e movimentos sociais para boicotar o agronegocio e o desenvolvimento das populações locais no melhor esquema desenvolvimento aqui florestas lá… Não vai rolar….