A noite de quinta-feira (8) foi momento de mais uma entrevista da cobertura especial de ((o))eco nas Eleições 2022. Em live veiculada nas redes sociais do site (YouTube, Facebook e Twitter), o médico sanitarista, ex-vereador de Cuiabá e candidato à reeleição como deputado estadual Lúdio Cabral (PT-MT) conversou com Juliana Arini sobre suas experiências na Assembleia Legislativa do estado, a ALMT, suas bandeiras e sobre como o modelo destrutivo do agronegócio pode ser substituído por outro mais saudável, sustentável e até mais lucrativo.
O deputado começou falando sobre a correlação de forças na Assembleia. Segundo ele, o poder econômico dos grandes latifundiários traz consigo o poder político que perpetua essas forças em posições de destaque. “O grande obstáculo é esse”, conta. “É um parlamento com essa correlação de forças desfavorável a quem defende a natureza, um parlamento em que o poder econômico dos madeireiros, dos pecuaristas, dos produtores de soja, da política tradicional, controlam a pauta”. O candidato diz que “é muito difícil fazer avançar, no sentido positivo, a pauta ambiental. Na maioria das vezes a gente resiste aos retrocessos que eles tentam colocar no parlamento”.
Nesse cenário, traçar estratégias para convencer a população de que o agronegócio não representaria seus interesses passa a ser uma prioridade. Lúdio conta que um tema ajudou nessa tarefa: o uso dos agrotóxicos. “Isso nos permitiu acumular mais força, fazer o debate público da pauta ambiental”, afirma. “O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. 7 litros por habitante/ano, em média. Em Mato Grosso, até 2018 – isso aumentou –, eram 67 litros por habitante/ano. Mais de 200 milhões de litros de agrotóxicos despejados no nosso solo e que contaminam as nossas águas, que vem pro sistema de abastecimento de água e que nos adoece. Mato Grosso é o estado do país que tem a maior prevalência de câncer infanto-juvenil. Essa associação é evidente entre uma coisa e outra”, atesta.
O petista criticou a propaganda do agronegócio, que se coloca como necessário ao estado. “Esse discurso de que Mato Grosso alimenta o mundo é uma falácia. Um discurso ideológico para justificar esse modelo de exploração econômica que concentra renda e riqueza, e que cria uma distorção no sistema tributário, portanto no orçamento público”, critica. “É uma lógica muito injusta. As renúncias fiscais são três vezes o orçamento da Educação, são cinco vezes o orçamento da Saúde. Isso significa precarização das políticas e dos serviços públicos”. Ele citou a falta de hospitais municipais em grandes pólos agrícolas do estado, como Sinop, Sorriso e Lucas do Rio Verde. “E a maioria da população ali é trabalhadora. Não são os ricos, não são os barões do agronegócio, que vivem lá e que dependem de serviços públicos”, disparou.
Lúdio afirma que é preciso iniciar a transição para um novo modelo econômico no campo – o da agroecologia, combinada à reforma agrária. “É possível construir um mundo novo, e esse mundo novo é a agroecologia. Porque a humanidade não existirá mais. O planeta se livrará da nossa espécie se nós não aprendermos a nos relacionar com o planeta”, afirma. Ele defendeu a plantação agroecológica como mais produtiva e rentável, além de menos nociva à saúde da população e ao meio ambiente. “A agroecologia é um tema que implica na sobrevivência da humanidade. Ou nós avançamos para um modelo de produção agroecológica, ou nós deixaremos de existir no planeta”, afirmou o candidato.
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