O ex-superintendente do Ibama no Acre, Carlos Francisco Augusto Gadelha, foi preso na quarta-feira (08) pela Polícia Federal, por fazer parte de um grupo criminoso acusado de ser responsável por extensos desmatamentos no sul do Amazonas, lavagem de dinheiro e corrupção. O esquema envolvia desde servidores públicos, policiais militares lotados na cidade de Boca do Acre (AM) e grandes pecuaristas da região sul do estado do Amazonas.
O esquema funcionava da seguinte forma: os servidores recebiam vantagens para facilitar a vida dos pecuaristas da região, como deixar de lavrar os autos de infração por desmatamento. Ao invés disso, os servidores multavam “laranjas” no lugar dos verdadeiros infratores. Além disso, informações privilegiadas eram repassadas como datas e locais onde ocorreriam as fiscalizações.
A prisão de Carlos Gadelha ocorre duas semanas depois de outro superintendente do Ibama ser preso pela Polícia Federal. O ex-superintendente do Ibama no Amazonas, José Leland Juvêncio Barroso, foi preso no dia 25/04, em operação conjunta entre PF e Ministério Público (MP) para desarticular um esquema de corrupção responsável por extração ilegal de madeira na floresta amazônica.
Os dois ex-superintendente assinaram carta endereçada a Jair Bolsonaro, em novembro de 2018, acusando o Ibama de estar aparelhado pela esquerda. O documento, de 29 páginas, expôs as divergências entre os superintendentes, nomeados pelo Ministro do Meio Ambiente, e os diretores técnicos. Segundo os superintendentes que assinaram a carta, a presidência do Ibama centralizava as decisões à revelia da vontade dos superintendentes. Os superintendentes queriam mais poder para definir estratégias regionalmente.
Operação Ojura
A operação desencadeada na quarta (08) envolveu aproximadamente 180 policiais em três estados (AC, AM e MG), que cumpriram 18 mandados de prisão, 36 mandados de busca e outras medidas cautelares.
A ação rendeu a apreensão de 11 automóveis (carros e camionetes); 1 caminhão; 11 tratores; 1 aeronave monomotor; 10 armas de fogo (7 pistolas/revólveres e 3 espingardas); R$ 800 mil (aproximadamente); 8.700 cabeças de gado; e diversos aparelhos de telefone celular, mídias e documentos. Além disso, foram 36 mandados de buscas cumpridos e 17 prisões efetuadas.
Batizada pelo nome Ojuara — em referência a um livro que narra a vida de um indivíduo que teria desafiado o Diabo –, a operação faz referência ao codinome de um dos investigados.
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