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Fachin assume comando do STF com Ferrogrão na agenda

Última decisão no Supremo aconteceu em 2023. Alteração dos limites do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro também está na pauta da sessão de quarta-feira (1º/10)

Cristiane Prizibisczki ·
29 de setembro de 2025

O ministro Edson Fachin assumiu nesta segunda-feira (29) a presidência do Supremo Tribunal Federal (STF) com dois temas ambientais importantes na pauta da semana: o futuro da Ferrogrão e a alteração de limites do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro. As ações estão previstas para serem julgadas na sessão de quarta-feira (1º).

Ferrogrão é o nome pelo qual ficou conhecido o projeto federal de implantação de uma ferrovia longitudinal de 933 km que pretende ligar Sinop (MT) a Itaituba (PA) para escoar produtos agrícolas. Seu traçado acompanha o eixo logístico da BR-163 e busca criar um corredor ferroviário entre a fronteira agrícola do norte do Mato Grosso e terminais de escoamento no Pará

Proposta no primeiro governo de Dilma Rousseff (2011-2014), o projeto acumula impasses ambientais, administrativos e legais e nunca chegou a sair do papel.

A ação sobre a Ferrogrão – ADI 6553 – foi proposta pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) em 2020 e questiona a constitucionalidade da Lei 13.452/2017, que redefiniu os limites do Parque Nacional do Jamanxim (PA), destinando aproximadamente 862 hectares para os leitos e faixas de domínio da ferrovia e da BR-163.

Em março de 2021, o ministro Alexandre de Moraes, relator da ação no Supremo, proferiu decisão liminar na ação, suspendendo a eficácia da lei e dos atos preparatórios para a licitação da ferrovia.

Em maio de 2023, o processo foi encaminhado ao Centro de Soluções Alternativas de Litígios do STF para tentativa de conciliação. A partir daí, a medida cautelar manteve suspensa a lei, mas com autorização da retomada de estudos e atos preparatórios da licitação na Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Ministério dos Transportes e Tribunal de Contas da União (TCU).

A ADI 6553 entrou na pauta de discussões do STF no dia 24 de setembro, a pedido de Fachin. 

Serra do Tabuleiro

A outra ação relacionada ao meio ambiente que deve ser julgada pelo STF esta semana é a ADI – 5385 – que contesta dispositivos da Lei Estadual Catarinense nº 14.661/09, que reduziu a área do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro e criou um mosaico de unidades de conservação. 

A ação, requerida pelo Ministério Público, defende que a norma representa retrocesso ambiental. O Governo de Santa Catarina, no entanto, sustenta que a mudança buscou conciliar proteção e uso sustentável dos recursos.

A Ação Direta de Inconstitucionalidade tramita no STF desde 2015. A relatoria estava com o ministro Marco Aurélio de Mello, que se aposentou em 2021 e, desde então, o STF não definiu quem será o novo relator da ação.

  • Cristiane Prizibisczki

    Jornalista com quase 20 anos de experiência na cobertura de temas como conservação, biodiversidade, política ambiental e mudanças climáticas. Já escreveu para UOL, Editora Abril, Editora Globo e Ecosystem Marketplace e desde 2006 colabora com ((o))eco. Adora ser a voz dos bichos e das plantas.

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