O ministro da Justiça, Sergio Moro, informou que a Polícia Federal tomará à frente das investigações do atentado que resultou na morte de dois indígenas da etnia Guajajara – Firmino Praxede Guajajara e Raimundo Belnício Guajajara. O assassinato aconteceu no sábado (07), no estado do Maranhão e deixou outros dois feridos. Em sua conta no Twitter, Moro também disse que autorizou o envio da Força Nacional de Segurança Pública (SENASP/MJSP) para a região.
A Portaria determinando a ida da Força Nacional ao Maranhão será publicada na terça-feira (10).
Os caciques Firmino Praxede Guajajara, da Terra Indígena Cana Brava e Raimundo Belnício Guajajara, da Terra Indígena Lagoa Comprida, estavam com outras lideranças indígenas que retornavam de uma reunião com a Fundação Nacional do Índio (Funai) e a Eletronorte quando foram atacados. Os disparos de arma de fogo ocorreram na BR 226, no município de Jenipapo dos Vieiras (MA), e, segundo testemunhas, os tiros partiram de dentro de um carro Celta branco.
Os assassinatos de Raimundo e Firmino ocorreram um pouco mais de um mês após o homicídio do líder indígena Paulo Paulino Guajajara, ocorrido no dia 01 de novembro, na região de Lagoa Comprida, no estado do Maranhão. Paulino foi morto por madeireiros. Até o momento, o crime ainda não foi solucionado e os criminosos também não foram identificados. Paulino estava caçando acompanhado de outro guardião, Laércio Guajajara, na aldeia Lagoa Comprida. Segundo Laércio, que sobreviveu ao ataque, cinco homens saíram da mata e começaram a atirar. Um dos disparos atingiu Paulino no rosto, outro no pescoço. Laércio foi alvejado no braço e nas costas, conseguiu fugir.
Os índios assassinados fazem parte do movimento guardiões da floresta, que fiscalizam e denunciam ação de invasores nas áreas indígenas, fato que os coloca na mira dos madeireiros locais.
Repercussão
Lideranças indígenas fizeram, na manhã desta segunda-feira (09), um protesto contra o assassinato de Ramiro e Firminona na COP 25 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2019) que está sendo realizada em Madri, Espanha. No Brasil, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), organização criada em 2005 para reivindicar os direitos dos índios, emitiu nota condenando o ataque.
“Esses crimes refletem a escalada de ódio e barbárie incitados pelo governo perverso de Jair Bolsonaro, que segue nos atacando diariamente, negando o nosso direito de existir e incitando a doença histórica do racismo do qual o povo brasileiro ainda padece.”, declara a organização.
“Estamos à deriva, sem a proteção do Estado brasileiro, cujo papel constitucional está sendo negligenciado pelas atuais autoridades. O governo federal é um governo fora da lei, criminoso em sua prática política e opera de maneira genocida com vistas a nos expulsar de nossos territórios, massacrando nossa cultura, fazendo sangrar nossas raízes”, continua a Apib.
Já o Conselho Indígena Missionário (Cimi) publicou uma nota em que os crimes contra a população indígena têm acontecido em meio discursos racistas e ações ditadas pelo governo federal contra os direitos dos índios. “O presidente Jair Bolsonaro tem dito e repetido, em vários espaços de repercussão nacional e internacional, que nenhum milímetro de terra indígena será demarcado em seu governo, que os povos indígenas teriam muita terra e que atrapalham o ”progresso” no Brasil”, disse o Cimi.
No domingo (08), a ativista ambiental, Greta Thunberg, mencionou o ataque em sua conta do twitter: “Povos indígenas estão sendo literalmente assassinados por tentar proteger a floresta do desmatamento ilegal. Repetidas vezes. É vergonhoso que o mundo permaneça em silêncio sobre isso.”
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