Os incêndios no Pantanal sul-mato-grossense atingem, desde maio, o Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro, localizado entre os municípios de Aquidauana (MS) e Corumbá (MS). O parque abriga em sua área de amortecimento as Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) Fazenda do Rio Negro – onde foram gravadas cenas tanto da primeira versão quanto do remake da novela Pantanal – , Santa Sofia e Fazendinha. As RPPNs, junto com o parque, somam o maior conjunto de áreas naturais protegidas do Mato Grosso do Sul, com cerca de 100 mil hectares.
Ao ((o))eco, o Corpo de Bombeiros Militar do Mato Grosso do Sul (CBMMS) disse que atua há 42 dias no combate a incêndios no Pantanal. Especificamente no Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro, o CBMMS relatou que a operação teve um intervalo de uma semana, porque as chamas haviam sido controladas. Nesta segunda-feira (4), porém, a operação foi retomada por conta dos novos focos.
Neste momento, o CBMMS atua com duas Guarnições de Combate a Incêndio Florestais (GCIFs) no parque. No total, as guarnições contam com oito militares. No restante do bioma no estado, o Corpo de Bombeiros conta com mais duas CGFIs para apoio e combate às chamas no município de Porto Murtinho (MS), com 36 militares, no total.
De acordo com estimativa da SOS Pantanal, organização que integra o Observatorio Pantanal – coalizão composta por 43 instituições socioambientais atuantes na Bacia do Alto Paraguai (BAP) no Brasil, Bolívia e Paraguai – , a região do parque, incluindo os entornos, já teve 28 mil hectares consumidos pelo fogo neste ano.
“A região do parque apresenta condições de acesso e combate muito difíceis, com diversas áreas alagadas e ocorrência de fogo subterrâneo. Nos últimos dois dias, entretanto, observamos que o fogo vem se propagando rapidamente em regiões com bastante biomassa acumulada acima do solo, na superfície”, disse Leonardo Gomes, Diretor de Estratégia da SOS Pantanal.
Conforme consultado por ((o))eco no programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), entre 1º de janeiro e esta sexta-feira (8), foram registrados 60 focos de calor no parque. Em 2020 e 2021, no mesmo período, foram registrados, respectivamente, apenas quatro e um foco de incêndio.
Dos focos deste ano, a maior parte (51), foram registrados entre maio e julho. Apenas nesta quinta-feira (7), foram registrados 18 focos. O número é cinco vezes maior do que o último dia que o parque registrou pontos de fogo, na terça-feira (5), com três focos.
Incêndios no Pantanal sul-mato-grossense
O Pantanal registrou, entre janeiro e esta sexta-feira (8), 589 focos de calor no bioma. O número é pouco mais de 27% maior que o registrado durante o mesmo período de 2021 (462), mas ainda corresponde a menos de 30% do total registrado em 2020 (2.109). Apenas nesta quinta-feira (7), foram registrados 61 focos de calor na parte sul-mato-grossense do bioma. Os dados são do programa Queimadas do INPE.
*Editado às 19h08 do dia 08/07/2022, para mudar dado que informava que haviam sido 28 mil hectares atingidos pelo fogo no parque. O quantitativo, na verdade refere-se ao impacto do fogo na região do parque, mas não apenas dentro dele.
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Neste caso dramático, de danos irreparáveis, “cautela” é muito pouco. As futuras gerações amaldiçoarão todos os que perpetraram esses crimes.