O governo brasileiro apresentou oficialmente nesta segunda-feira (10) a candidatura da pesquisadora Thelma Krug para a presidência do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima da ONU, o IPCC. As eleições ocorrerão entre 24 e 28 de julho, quando acontece a 59ª Plenária do Painel, a ser realizada em Nairóbi, Quênia.
Thelma Krug é graduada em matemática pela Roosevelt University, nos Estados Unidos, e tem doutorado em estatística espacial pela University of Sheffield, na Inglaterra. Foi pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) por 39 anos. No governo brasileiro, foi secretária nacional adjunta no Ministério da Ciência e Tecnologia, entre 2001 e 2003, e diretora de políticas de combate ao desmatamento no Ministério do Meio Ambiente, entre 2007 e 2008, onde também ocupou o cargo de diretora entre 2016 e 2017.
Com vasta experiência nos temas de mudanças climáticas, co-presidiu a Força Tarefa sobre Inventários Nacionais de Gases de Efeito Estufa em dois ciclos de avaliação (2022 a 2015) e ocupa, desde 2015, uma das três vice-presidências do Painel.
À Folha de S.Paulo, Thelma Krug defendeu ações mais efetivas no combate ao aquecimento global. “O custo da ação vai ser bem menor do que o custo da inação, quando o planeta todo estiver sofrendo com esses impactos do clima e com um aquecimento maior”, disse, em entrevista publicada na noite de domingo (9).
Ela também disse que, se eleita, vai sugerir que o IPCC publique relatórios menores e mais frequentes. Atualmente, o IPCC publica relatórios grandes com intervalos de vários anos entre um e outro. O Relatório 5, por exemplo, foi publicado em 2014. O Relatório 6, dividido em volumes, entre 2021 e 2023.
O IPCC é o órgão das Nações Unidas responsável por avaliar a ciência relacionada à mudança do clima. Por mais de três décadas, os subsídios técnicos do IPCC têm fortalecido a ciência frente a questionamentos de setores céticos em relação à contribuição antropogênica ao aquecimento global, o que permitiu o alcance de ambiciosos marcos internacionais, como o Protocolo de Quioto, em 1997, e o Acordo de Paris, em 2015.
Leia também
Absorção de poluentes por áreas indígenas na Amazônia evita 15 milhões de casos de doença por ano
Redução de doenças respiratórias e cardiovasculares em período de queimadas gera economia de 2 bilhões de dólares/ano para cidades inseridas no bioma, mostra estudo →
Manguezais do sul e sudeste são os mais vulneráveis às mudanças do clima
Estudo aponta que manguezais localizados na costa sul e sudeste têm menores condições para se adaptarem ao cenário de aumento do nível do mar →
Despreparo do Congresso sobre clima prejudica investimentos internacionais no país, diz especialista
Novas regras da União Europeia poderão causar desarranjos na produção de commodities, mas ainda não são suficientes para fazer do clima uma pauta para além do espectro ‘direita e esquerda', segundo análise de Mônica Sodré, da Rede de Ação Política pela sustentabilidade →