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IUCN lamenta a morte de dois guardas-parques no Congo

Criminosos mataram dois guardas-parques em ação em que foram flagrados cortando um elefante recém-abatido

Sabrina Rodrigues ·
24 de abril de 2017 · 8 anos atrás
Guardas-parques exibem marfim recuperado de presas de dentro do Parque Nacional Garamba, em 2012. Há duas semanas, dois guardas-parques foram assassinatos no exercício de sua profissão. Foto: Nuria Ortega/ENOUGH Project/Flickr.
Guardas-parques exibem marfim recuperado de presas de dentro do Parque Nacional Garamba, em 2012. Há duas semanas, dois guardas-parques foram assassinatos no exercício de sua profissão. Foto: Nuria Ortega/ENOUGH Project/Flickr.

O número de guardas-parques que vêm perdendo as suas vidas no exercício de sua profissão cresce de forma assustadora. Dessa vez, a notícia vem do Congo, mas especificamente do Parque Nacional Garamba. O guarda Joël Meriko Ari e o sargento Gerome Bolimola Afokao, das Forças Armadas da República Democrática do Congo, foram mortos no cumprimento do dever no dia 11 de abril. A União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) lamentou, em nota, as mortes dos dois trabalhadores.

Enquanto realizavam uma patrulha, os dois guardas-parques ouviram disparos e seguiram pelas trilhas até que avistaram um grupo de seis criminosos que estavam cortando uma carcaça de elefante recém-abatido. Iniciou-se um tiroteio e os dois guardas foram mortos. Ari, de  27 anos, deixa uma esposa e dois filhos e Afokao deixa uma esposa e nove filhos.

Patrimônio Mundial pela Unesco, o Parque Nacional Garamba fica localizado no nordeste da República Democrática do Congo é uma das áreas protegidas mais antigas da África. Em seu território, abriga espécies como o rinoceronte-branco do norte (Ceratotherium simum cottoni) e as raras Girafas de Kordofan (Giraffa camelopardalis antiquorum).

Guardas foram mortos ao surpreender criminosos que abateram um elefante. Acima, foto de uma carcaça de elefante caçado em maio de 2012.
Guardas foram mortos ao surpreender criminosos que abateram um elefante. Acima, foto de uma carcaça de elefante caçado em maio de 2012. Foto: Nuria Ortega/ENOUGH Project/Flickr.

Mas essas peculiaridades que caracterizam Garamba atraem cada vez mais criminosos em busca de marfim e em consequência disso as mortes dos trabalhadores da conservação tomam uma curva crescente. Em 2015, por exemplo, 5 guardas-parques e três membros das Forças Armadas congolesas foram assassinados por caçadores furtivos em três incidentes.

Aumento de mortes de guardas-parques

A IUCN alerta para o número crescente de guardas-parques mortes em todo o mundo. Segundo a entidade, só no ano passado foram mortos 107 guardas-parques no exercício de sua profissão, 42% dessas perdas foram causadas por caçadores ilegais. Dessas mortes, 58% ocorreram na Ásia e 31% na África.

Na nota, a IUCN enfatiza a importância dos guardas-parques no trabalho de proteção à biodiversidade. “Os guardas-parques são os guardiões dos mais preciosos patrimônios naturais do planeta, arriscando as suas vidas a cada dia em que vão trabalhar. A IUCN apoia firmemente todas as ações que possam diminuir os riscos para o seu bem-estar no exercício do trabalho”.

 

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  • Sabrina Rodrigues

    Repórter especializada na cobertura diária de política ambiental. Escreveu para o site ((o)) eco de 2015 a 2020.

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