A maioria da população brasileira não concorda com projetos de lei que liberam a caça de animais silvestres no país. É o que revela uma pesquisa feita pelo Ibope a pedido do WWF-Brasil e divulgada nesta quarta-feira (22), quando se comemora o dia internacional da biodiversidade. O levantamento mostra que 93% da população brasileira é contra a liberação da caça.
Segundo o levantamento, que ouviu 2002 pessoas em 142 municípios, a rejeição à caça fica acima de 90% em todos os grupos separados por gênero, escolaridade, situação econômica ou localização geográfica.
Entre as mulheres, a rejeição à proposta chega a 95%, enquanto para os homens é de 90%. Separando os entrevistados por escolaridade, os que possuem ensino superior completo rejeitam 94%, desce para 93% para os que cursaram o ensino fundamental II (entre o sexto e o nono ano) e a 90% entre os que têm até o quinto ano do ensino fundamental. Os moradores de capitais e municípios de periferia apresentam índice de rejeição de (95%). Nas cidades do interior, esse número é de 91%.
“A pesquisa do Ibope mostra que praticamente a totalidade da população brasileira é contra a ideia da liberação da caça no Brasil. Só isso já seria motivo suficiente para sepultar de vez qualquer tentativa nesse sentido”, resume o coordenador de Políticas Públicas do WWF-Brasil, Michel Santos.
Quando são comparadas as regiões geográficas, os altos índices de rejeição se mantêm. O menor aparece no Nordeste (91%) e o maior está no Sudeste (94%). Nas regiões Norte e Centro-Oeste, o índice é de 92%, enquanto na região Sul chega a 93%. A rejeição também se mantém praticamente inalterada nas diferentes faixas de renda familiar: 91% nas famílias que ganham até 1 salário mínimo, 93% entre 1 e 5 salários mínimos e chega 90% nas famílias que ganham mais de 5 salários.
“Se somarmos a facilitação da caça com a tentativa de fragilização do Código Florestal, que vai diminuir as áreas de vegetação nativa que devem ser preservadas nas propriedades rurais, temos um cenário muito negativo para a fauna brasileira”, diz Michel Santos.
Os dados foram divulgados em evento na Câmara dos Deputados promovido pela Frente Parlamentar Ambientalista, pela Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Direitos dos Animais, pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, pela Subcomissão Permanente em Defesa dos Direitos dos Animais e pelo WWF-Brasil.
Na ocasião, também foi divulgado manifesto contra a caça assinado por mais de 700 organizações, parlamentares e personalidades.
Desde 2016, tramita na Câmara o projeto do ex-deputado Valdir Colatto (PMDB/SC) que libera a caça no país. Collato não conseguiu se reeleger nas últimas eleições e atualmente comanda o Serviço Florestal Brasileiro, autarquia que cuida das florestas nacionais e do Cadastro Ambiental Rural. O projeto está pronto para ser votado na comissão de Meio Ambiente da casa.
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Ótimo! Basta os mais de 90% não caçarem, e deixar os restantes caçarem em paz, já que são poucos. Democracia não é ditadura da maioria, mas um espaço onde todos tem seus direitos reconhecidos, não é?
Desde quando o Serviço Florestal cuida das Florestas Nacionais? Até deveria, assim como o INCRA poderia cuidar das Reservas Extrativistas.
Mas esta pesquisa é um engôdo total. Claramente foi realizada em capitais, quero ver no interiorzão do país. A caça corre solta.
Essa pesquisa do IBOPE a pedido do WWF só revela que perguntas tendenciosas recebem as respostas que são desejadas por quem paga a pesquisa. Uma pesquisa sobre caça feita nas cidades não poderia dar outro resultado. Ainda assim é evidente que a enorme desinformação sobre o problema da caça só pode dar maioria aos que estão contra. Isso não significa que estejam certos. Total, assim foram eleitos Lula, Dilma e o próprio Bolsonaro.
É triste. Andamos na contramão do mundo civilizado.
Somos a vanguarda do atraso.
Exato
Prazer em matar, é coisa de doido.