Em 2009, um grupo de empresários, ONGs, academia e setores governamentais se uniram em torno de um pacto pela restauração da Mata Atlântica. Assumida em 2011, primeira parte da meta, de restauração de 1 milhão de hectares do bioma até 2020, está próxima de ser cumprida. Um estudo publicado na revista científica Perspectives in Ecology and Conservation afirma que cerca de 740 mil hectares do bioma foram recuperados entre os anos de 2011 e 2015.
O trabalho envolveu mais de vinte autores, de dez instituições diferentes.
“Os números trazem a esperança de que metas de restauração ambiciosas possam ser atingidas, trazendo benefícios para a população e ajudando o Brasil a cumprir seus compromissos internacionais”, diz Renato Crouzeilles, líder do estudo e pesquisador do Instituto Internacional para Sustentabilidade (IIS).
Os cientistas estimaram a restauração usando dados do projeto MapBiomas e estimando a porcentagem de florestas nativas que estavam em processo de recuperação nos anos de 2011 e 2015. Se essa tendência continuar até 2020, o Pacto superará o seu compromisso de restauração, batendo a meta de 1 milhão de hectares.
Segundo o estudo, entre os estados que mais restauraram o bioma estão: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
A meta que o Pacto pela Restauração da Mata Atlântica se comprometeu a cumprir foi de 15 milhões de hectares até 2050, através do Desafio de Bonn (Bonn Challenge), uma iniciativa lançada em 2011 pelo governo da Alemanha e pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN, na sigla em inglês) para restaurar 150 milhões de hectares no mundo inteiro até 2020 e 350 milhões de hectares até 2030. O Brasil se comprometeu com a recuperação de 12 milhões de hectares de vegetação nativa até 2030 no seu Plano Nacional de Recuperação de Vegetação Nativa.
Fatores de sucesso
De acordo com os autores da pesquisa, três fatores foram os responsáveis pelos resultados positivos na recuperação florestal da Mata Atlântica: desenvolvimento de uma estratégia de governança, comunicação e articulação em 14 dos 17 estados; o estabelecimento de um sistema de monitoramento da restauração; e a promoção de visão e estratégia para influenciar políticas públicas e ações de restauração em diferentes esferas.
O estudo estima que cerca de 300 mil hectares de florestas foram recuperados por intervenções ativas de um dos mais de 350 membros do Pacto. O restante pode ter sido restaurado por outros atores ou ser resultado de regeneração natural.
“O estudo vem a demonstrar a importância de iniciativas multissetoriais para o ganho de escala e abertura de oportunidades socioeconômicas na cadeia produtiva da Restauração florestal”, diz Severino Ribeiro, que foi o coordenador do Pacto para a Restauração da Mata Atlântica durante o desenvolvimento do estudo.
Saiba Mais
There is hope for achieving ambitious Atlantic Forest restoration commitments
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