Salada Verde

Ministério abre consulta pública sobre “papel do petróleo” na transição energética

A consulta da pasta de Minas e Energia começou na sexta (26), após um seminário sobre o tema em Brasília, e vai até o dia 11 de maio; prazo de apenas 15 dias é alvo de críticas

Gabriel Tussini ·
30 de abril de 2024
Salada Verde
Sua porção fresquinha de informações sobre o meio ambiente

O Ministério de Minas e Energia (MME) abriu uma consulta pública, na última sexta-feira (26), para “ouvir a sociedade sobre o papel do petróleo e gás natural” na transição energética, como descreve a pasta. A consulta tem duração de 15 dias, aceitando contribuições por meio de formulário até o próximo dia 11. 

A consulta foi aberta dois dias depois do Ministério realizar o seminário “Transição Energética Justa, Inclusiva e Equilibrada: Caminhos para o setor de O&G viabilizar a nova economia verde”, em que entidades públicas e privadas ligadas à exploração do petróleo discutiram o tema em Brasília. Do seminário, foi utilizada como material de apoio à consulta pública uma apresentação realizada pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), ligada ao MME, que, segundo análise do Climainfo, “pinta um cenário falacioso caso o Brasil pare de explorar combustíveis fósseis, bem como um vídeo que nada mais é do que uma propaganda pró-petróleo e gás fóssil”.

O prazo para as contribuições também foi alvo de críticas de ambientalistas. Em análise disponibilizada no canal de Whatsapp da plataforma Política por Inteiro, produzida pelo Instituto Talanoa, a curta janela é classificada como “surreal”. “Como um tema tão estrutural, complexo e decisivo para a descarbonização nacional pode ser tratado dessa maneira?”, questiona o texto. “Para completar, a Consulta ainda é aberta numa sexta-feira, para que seu prazo comece a contar a partir do final de semana, reduzindo ainda mais o prazo em dias úteis”, critica a organização.

O ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia, exaltou a importância da consulta. “A participação da sociedade nesse processo é muito importante e o evento que nós realizamos nesta semana [o seminário] introduz o assunto de maneira muito transparente. Devemos ter clareza sobre o quanto a exploração, produção, refino e consumo representam das nossas emissões totais e fazer um esforço conjunto para reduzirmos todo esse CO2 que vai para a atmosfera”, afirmou, citando a necessidade de esforços “de todos os setores”, mencionando especificamente a agropecuária, para a redução de emissões.

  • Gabriel Tussini

    Estudante de jornalismo na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), redator em ((o))eco e interessado em meio ambiente, política e no que não está nos holofotes ao redor do mundo.

Leia também

Notícias
21 de maio de 2024

Países liberam rios para salvar peixes migradores

Declínio chega a 91% na América Latina, mas Brasil quer barrar ainda mais cursos d’água, sobretudo na Amazônia e no Cerrado

Notícias
21 de maio de 2024

Degradação florestal na Amazônia é a maior dos últimos 15 anos

Queimadas em Roraima foram responsáveis pelo número. Desmatamento, por sua vez, continua em queda no bioma, mostra SAD, do Imazon

Notícias
20 de maio de 2024

Criação de novo órgão para combate à crise climática preocupa servidores ambientais

Possibilidade foi anunciada por Marina Silva no final de semana. Antes de criar novos órgãos, servidores pedem do governo valorização da carreira ambiental

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.