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MST avalia criar assembleias em todas as capitais durante COP, diz Stédile

O coordenador nacional do MST também criticou a COP e voltou a dizer que o evento "é uma farsa"

Ramana Rech ·
25 de setembro de 2025

O coordenador nacional do Movimento Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, afirmou que o MST avalia criar assembleias populares nas capitais de todos os estados nos dias em que ocorrer a COP 30 em defesa do meio ambiente diante do que chamou de “inutilidade de Belém”. 

Em evento do MST para jornalistas realizado na segunda-feira (22), Stédile comentou que as articulações para as assembleias já tiveram início em São Paulo, o que pode incluir uma assembleia antes da COP30 para cerca de mil pessoas e carros de som na Avenida Paulista no domingo da conferência. 

Ele avalia que, na cidade sede do evento, a força e a influência social sobre empresas e governo será “zero” e que esses agentes “se isolaram” em Belém. Stédile reforçou que o MST é crítico a COP30 e reforçou sua avaliação já proferida em outras ocasiões de que o conferência é uma farsa. 

“Vai juntar capitalistas e governos capitalistas, aí eles vão tentar ver onde vão ganhar dinheiro. Nenhuma das pautas, nem antes, nem agora, é como defender a natureza”, afirmou. 

Ele destaca que a Vale, envolvida em grandes desastres ambientais como o de Mariana e o de Brumadinho, é uma das principais financiadoras da COP30, o que pode inviabilizar discussões sobre o controle da mineração. “Haja contradição”, declarou.

Plantio de árvores 

Nas assembleias propostas pelo MST para ocorrer junto com a COP30, Stédile ponderou a possibilidade de distribuir mudas de árvores para os participantes. O movimento conta com uma campanha de plantio de árvores iniciada em 2020, que até o momento contabiliza 40 milhões de árvores plantadas, com a meta de chegar em 2030 com 100 milhões. 

A ideia inicial do projeto era conscientizar a própria base e reflorestar assentamentos, já que, de acordo com Stédile, “as áreas de reforma agrárias sempre são as piores, aqueles latifundiários mais degradados”. 

Porém, o MST intenciona ampliar a ação. “Não adianta nada o assentado plantar a árvore, se o entorno não planta, se a cidade não planta”, ponderou.

Enquanto a COP30 é vista como inútil, Stédile cita como bom exemplo para o Brasil o plantio de árvores no país Burkina Faso. O Brasil de Fato reportou que, durante a Jornada Nacional da Árvore em junho deste ano, o país promoveu o plantio de 500 milhões de árvores em 1 hora. 

De acordo com Stédile, o MST já discutiu com o governo a possibilidade de organizar o plantio de árvores, mas “os governantes criam cera nos ouvidos. Não escutam. Eles só crescem a língua, só falam”.

  • Ramana Rech

    Formada em jornalismo pela ECA-USP e passou pelo Curso Estadão de Jornalismo Econômico do Estadão. Escreve sobre ciência, meio ambiente, economia e política.

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Comentários 1

  1. Marcelo diz:

    Me chama que eu vou no meu estado!