Mesmo reduzida a uma ínfima fração de sua cobertura original, a Mata Atlântica não cansa de surpreender pesquisadores com a riqueza de sua biodiversidade. O palco da mais recente prova de exuberância do bioma foi a Reserva Biológica Duas Bocas, no Espírito Santo, onde o pesquisador Julio Lombardi cruzou com uma árvore caída coberta por uma espécie de trepadeira desconhecida que lhe chamou atenção. A planta não era apenas uma novidade aos olhos do pesquisador, mas um novo registro para a ciência – e para a Mata Atlântica.
Batizada de Peritassa formidolosa, a trepadeira possui pequenas flores brancas, com frutos que ainda precisam ser estudados, “mas que devem ser pequenos e carnosos”, aposta Julio Lombardi, do Departamento de Biodiversidade da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e autor do artigo que descreve a espécie, publicado em março na revista científica Phytotaxa.
“Por se tratar de uma espécie que não era descrita, nem conhecida anteriormente, essa descoberta acresce à diversidade brasileira e à da Mata Atlântica”, explica Julio, que alerta para a extrema importância de preservar o pouco que restou da Mata Atlântica.
A Reserva Biológica Duas Bocas, onde a descoberta foi feita, possui 3 mil hectares e fica a menos de 30 quilômetros de Vitória, a capital do estado, entre os municípios de Cariacica, Viana e Santa Leopoldina. Criada em 1965, como reserva florestal e convertida em reserva biológica em 1991, a área protege um importante fragmento florestal de Mata Atlântica considerada primária.
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