Nenhum outro bicho faz tão bem o trabalho realizado pelos muriquis. São os maiores macacos da área, capazes de consumir os maiores e a maior quantidade de frutos. E não param por aí, levam as sementes para locais mais longe. E isso é importante. E pode ter reflexos até no estoque de carbono da floresta.
“Vários estudos já demonstraram que dispersar a semente em uma distância maior aumenta a qualidade da dispersão, aumenta a probabilidade que essa semente vai sobreviver”, afirma a bióloga Laurence Marianne Culot, do Instituto de Biociências de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Laurence é a autora principal de um artigo publicado na Scientific Reports, em agosto deste ano, sobre os efeitos da perda de grandes dispersores e grandes predadores de sementes em dois parques estaduais paulistas na Mata Atlântica, Carlos Botelho e Ilha do Cardoso.
Ela analisou o recrutamento, nesse caso, a probabilidade das sementes se tornarem pequenas plântulas e sobreviverem por pelo menos um ano. A espécie estudada foi o cajati (Cryptocarya mandioccana), uma árvore que chega aos dez metros de altura e tem frutos carnudos.
O resultado demonstra que a perda dos animais maiores tem um impacto negativo na regeneração dessa árvore. No caso dos dispersores, a falta de muriquis é compensada apenas parcialmente por animais menores, como jacutingas e bugios, que espalham menos sementes e a distâncias menores.
Já quando se trata de predadores, a perda de porcos-do-mato (queixadas e catitus), os maiores encontrados nas áreas estudadas, abre espaço para um consumo maior dos pequenos roedores. O resultado surpreendeu os pesquisadores, que imaginavam a redução na perda de sementes na ausência dos animais maiores.
“Aconteceu o contrário, aumentou a pressão de predação das sementes”, conta Laurence. “Esses pequenos roedores que predam, consomem essas sementes, aumentaram nessas áreas onde os maiores predadores eram ausentes”, completa.
Laurence afirma que o resultado pode ter implicações sobre o estoque carbono na floresta. Árvores de madeira dura, como o cajati, têm grande capacidade de armazenar carbono. A bióloga alerta que a regeneração de espécies assim pode ter um impacto sobre o futuro estoque de carbono das florestas.
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Etaaaaaaaaaa, henca .
Essa foto é de um muriqui do e no recinto do Zoológico d São Paulo!!
Quando a Grim Piss vai denunciar o massacre de fauna feito pelos "extrativistas queridos" de Marina Silva, Diegues et caterva?… ah esqueci… Não dá ibope pra telemarketing…
E segue a "população tradicional" caçando…
Deixe de ser implicante… não é tradicional? Se é tradicional é bom…
Não?
aposto que AAI significa Analista Ambiental Implicante…