Os compromissos de proteção da Floresta Amazônica e de redução nas emissões de gases do efeito estufa, estiveram entre os temas principais debatidos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu colega norte-americano, Joe Biden. Ao fazer críticas ao governo antecessor, de Jair Bolsonaro, a quem acusou de incentivar a devastação da Amazônia, Lula voltou a assumir a meta de zerar o desmatamento ilegal do bioma até 2030.
“Nos últimos anos, a Amazônia foi invadida pela irracionalidade política, pela irracionalidade humana, porque nós tivemos um presidente que mandava desmatar, mandava garimpo entrar nas áreas indígenas, mandava garimpar nas florestas que nós demarcávamos como reserva na Amazônia. E eu assumi um compromisso, de que até 2030, nós vamos chegar a desmatamento zero na Amazônia”, disse Lula a Biden durante reunião na Casa Branca, na tarde desta sexta-feira (10).
O presidente brasileiro declarou que a proposta não é a de fazer da Amazônia um “santuário da humanidade”, mas de transformar a floresta num centro de pesquisa compartilhado com outros países. Com essa transformação do bioma, aliada ao uso sustentável de sua biodiversidade, completou ele, o Brasil poderá tirar proveito para garantir a melhoria “da qualidade de vida do povo que vive na Amazônia”.
“Cuidar da Amazônia hoje, é cuidar do planeta Terra. E cuidar do planeta Terra é cuidar da nossa sobrevivência”, afirmou Lula. “Uma árvore de 300 anos ela não tem proprietário. Ninguém pode derrubá-la. Ela é um patrimônio da humanidade.”
O petista relembrou que em 2009, durante a conferência do clima de Copenhague, a COP-15, o Brasil assumiu o compromisso de reduzir o desmatamento da Amazônia em 80%, e de 39% nas emissões de gases do efeito estufa. “E nós cumprimos isso no meu governo e no governo da presidente Dilma”, disse.
Ao presidente da maior potência econômica do mundo, e consequentemente líder na emissão de gases poluentes, Lula defendeu uma governança mundial para que, de fato, as causas do acelerado processo de mudanças climáticas sejam enfrentadas. Para ele, além de se estabelecer metas de reduções, os países também devem ser obrigados a cumpri-las.
“Eu não sei qual é o fórum. Não sei se é na ONU, não sei se é no G20, não sei se é no G8, mas alguma coisa nós temos que fazer para que a gente obrigue os países, o nosso Congresso, os nossos empresários a acatar decisões que nós tomamos a níveis globais. Se isso não acontecer, a nossa discussão sobre a mudança climática ficará muito prejudicada”, afirmou Lula.
Numa fala mais curta, logo na abertura do encontro, o presidente norte-americano disse que Brasil e Estados Unidos compartilham dos mesmos valores nos atuais desafios globais, em especial no que diz respeito às mudanças climáticas.
EUA no Fundo Amazônia
O encontro entre Joe Biden e Lula também serviu para oficializar a adesão dos EUA ao Fundo Amazônia. De acordo com a Folha de S Paulo, os integrantes da comitiva brasileira – que conta com a participação da ministra Marina Silva – teriam ficado decepcionados com o valor oferecido por Washington; US$ 50 milhões, pouco mais de R$ 260 milhões.
Recriado com o retorno de Lula ao Palácio do Planalto, o Fundo Amazônia tem como seus principais doadores a Noruega e a Alemanha. O combate às emissões de gases poluentes tem sido uma das principais bandeiras políticas de Biden à frente da Casa Branca.
O repasse de recursos para ajudar os países na preservação das florestas é uma das suas promessas. Porém, os valores são considerados baixos diante da força econômica dos EUA, além de ser o maior emissor de gases do efeito estufa na atmosfera. Joe Biden ainda assumiu o compromisso de convidar os países que reúne as maiores economias do mundo, o G8, a aderirem ao Fundo Amazônia.
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