O Farol Verde, iniciativa do Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS) que mapeia o comportamento ambiental de parlamentares brasileiros, mostrou que a maioria dos deputados que hoje disputam a corrida eleitoral são avessos à pauta ambiental. Dos 75 congressistas avaliados, 52 receberam avaliação entre “regular” e “péssimo” no nível de convergência com o tema, o que representa 69,4% do total. Os dados foram divulgados na quarta-feira (2).
A análise do Instituto se baseou nas principais votações nominais em plenário relacionadas a matérias socioambientais. A metodologia envolveu a seleção de 78 matérias consideradas positivas para o meio ambiente, além de 30 propostas de perfil negativo – extraídas do chamado “Pacote da Destruição” – uma medida provisória e dois vetos. As votações nominais, incluindo destaques e emendas, foram analisadas para calcular o Índice de Convergência Ambiental total (ICAt), que reflete a postura dos parlamentares em relação às questões ambientais.
No total, a Câmara possui 80 deputados disputando as eleições para os cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador. Destes, 75 tiveram suas votações e emendas analisadas quanto à convergência ao tema ambiental. Cinco ficaram de fora por não terem participado das votações analisadas, nem terem destinado emendas.
Dos 75 candidatos que entraram na análise, apenas 10 tiveram índice considerado “ótimo” – entre 80% e 100% de convergência. Outros 13 receberam o conceito “bom” – com índice de convergência entre 60% e 79%.
Entre aqueles que receberam avaliação negativa, 4 foram avaliados como “regular”- índice de convergência entre 51% e 59% – 8 como “Ruim” – ICAt entre 26% e 50%, e 40 como “Péssimo” – ICAt entre 0% e 25%.
Dos que receberam índice de convergência “péssimo”, 13 receberam nota zero. Isto é, não votaram a favor do meio ambiente em nenhuma ocasião, nem destinaram emendas favoráveis ao tema.
O Farol Verde também avaliou o desempenho de senadores candidatos e descobriu que os quatro senadores que disputam a corrida eleitoral pontuaram 0% de convergência ambiental.
“Os resultados do Farol Verde servem como um alerta sobre a atual situação das pautas socioambientais no Brasil no Congresso Nacional, e, sobretudo, como um chamado à sociedade civil, que deve intensificar sua participação e cobrança pública na Câmara dos Deputados e no Senado Federal por maior coerência nas votações por parte de seus representantes eleitos”, disse o IDS.
Análise geral
O Farol Verde também mapeou o comportamento dos parlamentares como um todo – não somente os que hoje são candidatos – e trouxe à tona dados alarmantes sobre a atuação da 57ª legislatura em 2023 e 2024.
Tanto na Câmara como no Senado, a convergência média favorável a pautas socioambientais ficou abaixo de 50% – nota considerada “regular”. Na Câmara, a média foi de 30,13% e no Senado, de 25,49%.
“Sinal de baixíssimo comprometimento com as questões socioambientais pautadas no Legislativo, o que demonstra um descolamento da realidade ambiental que o país enfrenta”, diz o IDS.
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