Notícias

Quase metade da madeira extraída no Pará é ilegal, mostra estudo

A cada cinco hectares com extração de madeira no Pará, dois foram ilegais no último ano. Área total com registro de ilegalidade chega a 21,8 mil hectares

Cristiane Prizibisczki ·
21 de agosto de 2024

A ilegalidade na extração de madeira cresceu 22% no Pará no último ano. Entre agosto de 2022 e julho de 2023, a área total em que recursos madeireiros foram explorados sem autorização no estado foi de 21,8 mil hectares. No mesmo período do ano anterior – agosto de 2021 a julho de 2022 – a cifra havia sido de 17,8 mil. Com isso, o estado fechou o último calendário com 42% da atividade feita sem permissão dos órgãos ambientais.

Os dados, divulgados na última sexta-feira (16), são do Sistema de Monitoramento da Exploração Madeireira (Simex), desenvolvido e mantido por quatro instituições de pesquisa: Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Idesam), Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) e Instituto Centro de Vida (ICV).

No total, o Pará contabilizou 52,1 mil hectares com extração de madeira entre agosto de 2022 e julho de 2023 – período chamado de “calendário do desmatamento” por ser a época em que há menos chuva no bioma amazônico e quando a destruição ocorre com maior intensidade –, um aumento de 35% em relação ao calendário anterior.

Dos 21,8 mil hectares explorados sem autorização, 72% estavam dentro de imóveis rurais cadastrados (15,6 mil hectares). A segunda maior parte da exploração madeireira irregular aconteceu em assentamentos – 14% do total (3 mil hectares). As terras ainda não destinadas e vazios cartográficos registraram 10,5 % do total explorado ilegalmente (2,3 mil hectares) e as áreas protegidas (Terras Indígenas e Unidades de Conservação), 4% (871 hectares).

“A cada cinco hectares com extração de madeira no Pará, dois são ilegais, o que gera danos ambientais, ameaça povos e comunidades tradicionais e enfraquece o setor madeireiro. É preciso intensificar o combate à exploração irregular”, afirma Dalton Cardoso, pesquisador do Imazon.

Dentre as áreas protegidas, a maior parte da extração irregular – 92% ou 804 hectares – ocorreu dentro da Reserva Indígena Amanayé, localizada no município de Goianésia do Pará, sudeste do estado. Entre 2020 e 2023, a reserva teve 2.987 hectares afetados pela extração irregular de madeira. A Terra Indígena, decretada em 1945, aguarda há quase 80 anos sua homologação.

Irregularidade nas mãos de poucos

Apenas 10 municípios paraenses concentraram 87% de toda extração de madeira ilegal dectada no estado no período analisado. Eles somaram 18,9 mil hectares de exploração irregular, sendo mais da metade somente nos dois primeiros: Dom Eliseu e Paragominas.

  • Cristiane Prizibisczki

    Cristiane Prizibisczki é Alumni do Wolfson College – Universidade de Cambridge (Reino Unido), onde participou do Press Fellow...

Leia também

Notícias
18 de dezembro de 2023

Exploração ilegal de madeira na Amazônia afetou área do tamanho de Belém entre 2021 e 2022

Segundo mapeamento por satélite, 394 mil hectares da floresta foram afetados, sendo 106 mil de forma ilegal. Quase 20% do total ocorreu em terras indígenas; MT domina medição

Reportagens
9 de novembro de 2023

Madeireiros usam serrarias móveis para burlar fiscalização contra roubo de madeira

Prática evita o transporte de tora crua, que chama atenção, e de desmates capazes de serem detectados pelos satélites. Fiscais da Reserva de Gurupi, no MA, atuaram um infrator

Notícias
27 de outubro de 2023

Extração ilegal de madeira cresce em áreas ainda não destinadas do Pará

Exploração madeireira ilegal representou 46% do total registrado em solo paraense como um todo. Números são do Simex e foram divulgados nesta sexta-feira (27)

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.