A Fundação SOS Mata Atlântica acaba de publicar o relatório em que analisa o trecho do rio Doce destruído pelo vazamento dos resíduos de minério de ferro da mineradora Samarco, ocorrido há 16 meses. O estudo é fruto de uma expedição realizada entre os dias 19 a 28 de outubro de 2016 por 650 km de rio. Os resultados, já divulgados em novembro, estão agora reunidos na publicação Rio Doce: o retrato da qualidade da água.
O relatório concluiu que nos 18 pontos analisados pela Fundação, a qualidade da água é considerada péssima, totalmente imprópria para consumo e está em desconformidade com a legislação vigente por apresentarem altas concentrações de magnésio, cobre, alumínio e manganês acima do permitido. Em vista disso, a população das regiões afetadas devem ficar atentas e não consumir a água diretamente do Rio Doce, não nadar e que não deem água do rio para os animais, ainda que seja fervida antes, e somente beber água tratada pelas companhias de saneamento.
A publicação descreve também que nos pontos protegidos pela Mata Atlântica, em que a vegetação não foi arrastada e devastada, registram-se os melhores e únicos índices de recuperação da condição ambiental da bacia do rio Doce.
“O mais grave desse retorno à bacia do Rio Doce foi constatar que, em primeiro lugar, a contaminação não cessou. Além disso, passados 12 meses ainda há arrasto de sedimentos por toda a bacia. E notamos como a presença de vegetação nativa protege a água, pois nos trechos onde existe remanescente de Mata Atlântica, nas áreas protegidas que não foram arrastadas pela lama, três pontos se recuperaram”, afirma Malu Ribeiro, coordenadora de Águas da SOS Mata Atlântica.
O estudo aponta como essencial medidas de restauração florestal com espécies nativas para a recuperação da qualidade da água. Além disso, destaca a necessidade de serviços de saneamento básico e ambiental nos municípios da bacia para a diminuição das demais fontes de poluição registradas e que foram agravadas com a degradação provocada pelo rompimento da barragem.
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Como sempre no Brasil, as ONGs só se preocupam com o que dá visibilidade. O rio Doce antes era quase morto, mas ninguém deu um pio.