Na última terça-feira (14/06), o Google Brasil reuniu ONGs e empreendedores no auditório de seu escritório em São Paulo para anunciar os vencedores do Desafio de Impacto Social 2016. Esta foi a segunda edição do Desafio realizada no país, e tem como objetivo fomentar o uso criativo da tecnologia para promover impacto social.
Na rodada deste ano o Google recebeu 1052 projetos e selecionou 10 finalistas, dois de cada região do Brasil, para disputar um prêmio total que superou 10 milhões de reais. Os representantes de cada uma das ONGs defenderam seus projetos perante um painel de jurados, composto por Regina Casé, atriz e apresentadora, Adriana Varejão, artista plástica, Denis Mizne, CEO da Fundação Lemann, Walela Surui, filha do chefe Almir Surui, e Jacquelline Fuller, diretora do Google.Org. Cinco destes projetos, escolhidos pelos juízes e pelo voto popular através da internet, ganharam R$1,5 milhão cada. Os outros cinco finalistas também receberam prêmios, neste caso, de R$650 mil.
Com mais de 200.000 votos, o grande vencedor da escolha popular foi o projeto Cadê Minha Escola, da Transparência Brasil, que desenvolverá um aplicativo para celular onde a população poderá fiscalizar se a construção de escolas públicas está ocorrendo de acordo com o prometido por governos. Os outros projetos agraciados com o grande prêmio foram a ampliação da plataforma Mudamos.org, do ITS – Rio,que permite a colaboração entre cidadãos para construir e propor políticas públicas; o projeto Arredondar, que permite aos consumidores arredondar para cima os seus pagamentos em lojas e doar para ONGs e projetos sociais até um real em cada compra; o Portal Vetor Brasil, que conecta jovens de grande potencial a oportunidades de cargos públicos de alto impacto, e, na área ambiental, o Alerta Clima Indígena, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM)
Assista o vídeo do projeto Alerta Clima Indígena/IPAM
Iniciativas ligadas à Natureza
O Alerta Clima Indígena se propõe a ajudar comunidades nativas a se adaptarem às mudanças climáticas e proteger os 110 milhões de hectares da Floresta Amazônica localizadas em terras indígenas. Esta área corresponde a 13 bilhões de toneladas de carbono estocados na floresta, que, enquanto se desenvolve, continua retirando CO2 da atmosfera.
Ao defender o projeto, o pesquisador do IPAM Paulo Moutinho chamou a atenção para o fato de que a Amazônia é o “grande regador” que mantém os regimes de chuvas no resto do Brasil. Focado nos jovens indígenas, que já estão conectados no mundo digital, a plataforma vai ajudar a preservar os serviços ambientais prestados por este importante bioma.
Outro projeto de ciência cidadã ficou entre os finalistas. Foi o AeTrapp, proposto pelo WWF-Brasil. Trata-se de uma armadilha de baixo custo complementada por um aplicativo de smartphone que facilita o monitoramento comunitário das populações de mosquitos Aedes. O objetivo é ajudar a combater o Aedes e, por tabela, prevenir dengue, zika e chikungunya. O projeto da WWF-Brasil receberá 650 mil reais para tirar a ideia do papel. Segundo Marcelo Oliveira, biólogo do WWF, o AeTrapp tem potencial para ser o maior experimento de ciência cidadã do mundo.
Também finalista do Desafio, o Instituto INOVAGRI receberá o mesmo montante (R$650 mil) para desenvolver a plataforma S@UA (Sistema de Assessoramento para o Uso da Água na Agropecuária), que orienta agricultores a não desperdiçar água e conecta os gestores de abastecimento com os dados dos agricultores para distribuir a água limitada de forma mais eficiente.
Na edição anterior do Desafio, em 2014, a Associação O Eco foi uma das finalistas com o Projeto Rede InfoAmazonia, que desenvolveu um sistema de monitoramento de baixo custo para analisar a qualidade da água para consumo humano. Em fase final de desenvolvimento, esta rede fornecerá, em tempo real, via mensagens SMS, alertas sobre problemas na água para consumidores em comunidades ribeirinhas da Amazônia brasileira.
Para Jacquelline Fuller, diretora do Google.Org, braço de filantropia da gigante californiana, o objetivo do Desafio é encontrar e emponderar inovadores locais para causar as mudanças que são necessárias no mundo. Esta edição do Desafio, que já aconteceu em outros 11 países ao redor do mundo, bateu o recorde de participação com mais de 1 milhão de votos através da internet para a escolha do melhor projeto.
“Parte do trabalho da filantropia é assumir riscos”, aponta Jacquelline. “Ideias malucas têm seus riscos de falhar, mas se tiverem sucesso o impacto é muito grande”. Além dos Desafios de Impacto Social, o Google financia muitos outros projetos filantrópicos ao redor do mundo, sempre procurando usar dados e capacidade computacional da empresa.
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