O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que a partir desta quarta-feira (4) acumula o cargo de ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), anunciou que a sustentabilidade será agenda prioritária em sua atuação no comando da pasta. No discurso de posse, Alckmin inclusive anunciou a criação de uma nova estrutura voltada para o tema dentro do Ministério, a Secretaria de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria.
A temática da sustentabilidade foi citada em diferentes momentos de seu discurso. Alckmin defendeu que o Brasil precisa passar pela reindustrialização, mas que este processo deve vir acompanhado pela descarbonização da economia e criação de meios de produção mais sustentáveis.
“A indústria brasileira precisa urgentemente retomar o seu protagonismo, mas as graves mudanças climáticas, o pós-covid, a guerra na Europa estão indicando a premência de uma política de reindustriação consensuada com o setor produtivo, a academia, a sociedade e a comunidade internacional” disse, durante a cerimônia de passagem do cargo.
Alckmin também defendeu que o Brasil tem potencial para ser o grande protagonista no combate às mudanças climáticas, a partir da redução de gases poluentes no setor da economia, e que seu trabalho à frente da pasta dará prioridade a este processo.
“É imperativa a redução da emissão de gases de efeito estufa, o estabelecimento de uma política de apoio a uma economia de baixo carbono, privilegiando tecnologias limpas e dando início a um processo produtivo eficiente e sustentável”.
O vice-presidente e ministro do MDIC lembrou que, ainda hoje, a indústria de exportação brasileira está baseada na produção de itens primários: 65% do total exportado para a China, principal destino das commodities brasileiras, é constituído por soja, minério de ferro e petróleo.
Segundo ele, a prometida reindustrialização andará de mãos dadas com a política de ciência, tecnologia e inovação, pelo processo de digitalização e pela sustentabilidade.
“A agenda da sustentabilidade é fundamental para o futuro da indústria do Brasil. Trabalharemos em parceria com a nossa querida ministra Marina Silva. Esta é uma agenda prioritária, inclusive, para assegurar a competitividade do produto nacional no comércio mundial […] A sócio-biodiversidade será o ponto de partida da nova política industrial”.
Ele também citou, indiretamente, a nova regulação europeia anti-desmatamento, que proíbe a entrada de produtos associados à destruição das florestas no mercado europeu, indicando que vai trabalhar para que o Brasil esteja alinhado a este processo.
Apesar de nenhum detalhe ter sido anunciado sobre como funcionará a Secretaria de Economia Verde, Alckmin garantiu que vai investir em energias renováveis, hidrogênio verde e mobilidade.
“O novo MDIC será orientado para uma economia inclusiva, criativa e sustentável”, assegurou Geraldo Alckmin.
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