A Netflix lançou no mês passado o documentário “Seaspiracy – Mar Vermelho”, que mostra o impacto da pesca predatória na biodiversidade marinha. A discussão abordada no filme também foi tema, na última sexta-feira (2), do podcast Vozes do Planeta. Para mensurar a quantidade de danos causados pelo pesca predatória, o cineasta Ali Tabrizi analisa dados e entrevista pesquisadores. Nathalie Gil, diretora de desenvolvimento da Sea Shepherd Brasil, conversou com apresentadora Paulina Chamorro sobre o trabalho da organização, que teve destaque no filme. “Um grande desafio são as áreas mais ricas com relação à biodiversidade, as costeiras. São lá que estão a maior quantidade da vida marinha. Portanto, é onde o maior interesse dessa pesca predatória está presente. Nos associamos e fizemos parcerias com governos para termos atuação nas áreas soberanas de alguns governos para garantir o monitoramento de navios de pesca que estão operando de maneira ilegal”.
“A pesca foi se tornando cada vez mais eficiente. Os emalhes e as redes foram se tornando, como o próprio documentarista fala, ‘fábricas de morte’ que não fazem seleção do que está caindo na rede”, explica Nathalie.
Concebido e apresentado pela jornalista Paulina Chamorro, desde 2016 o podcast Vozes do Planeta se dedica a tratar de temas relacionados à sustentabilidade e meio ambiente.
Na sequência, Paulina conversou com Natalie Unterstell, coordenadora do Política por Inteiro, sobre o relatório, que será lançado em breve, “Pesca por Inteiro”, que analisa movimentações do executivo no setor pesqueiro. “Verificamos que foram editados 79 atos com potencial interesse e relevância para questões ambientais nesse segmento (pesca)”, revela. De acordo com Natalie, as principais mudanças mapeadas pelo estudo favorecem a uma “alienação de órgão ambientais” para que o setor se autorregule.
Governo reduz participação da sociedade civil
Na última parte do podcast, a jornalista Duda Menegassi, de ((o))eco, explicou as alterações do ICMBio nos Planos de Ação Nacional (PAN) para conservação de espécies ameaçadas de extinção.
A partir de uma retificação publicada no fim do mês passado, O Grupo de Assessoramento Técnico (GAT), que implementa e supervisiona os planos, será composto apenas por “agentes públicos da administração pública federal até o limite de cinco membros” e convidados. Antes da alteração, o grupo era formado por membros não-remunerados que normalmente incluíam representantes do ICMBio, da academia, de ONGs e de associações da sociedade civil.
“Todas essas alterações deixaram muitos pesquisadores preocupados sobre como continuarão os grupos dos PANs que já estão em curso, como ficará a transparência dos estudos levantados e a construção das ações de conservação. Sem dúvida, essa é uma pauta que vale a pena ficar de olho”, explica Duda.
O programa ainda abriu espaço para conversas sobre contabilidade ambiental e a recuperação de corais em Tamandaré, em Pernambuco.
Confira aqui na íntegra a última edição do podcast Vozes do Planeta:
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