Salada Verde

Alessandra Munduruku é a primeira entrevistada do ano no Vozes do Planeta

Na estreia da nova temporada, o podcast comandado por Paulina Chamorro traz a voz da ativista indígena e dá destaque à luta dos povos indígenas em uma emocionante entrevista

Bruna Martins ·
18 de abril de 2022 · 2 anos atrás
Salada Verde
Sua porção fresquinha de informações sobre o meio ambiente

A voz de Alessandra Korap Munduruku abre a nova temporada do Vozes do Planeta, podcast socioambiental apresentado pela jornalista Paulina Chamorro. O episódio 201, primeiro do ano, foi ao ar no dia 8 de abril e trouxe aos ouvintes uma entrevista com a ativista indígena. Durante os 40 minutos de episódio, temas sensíveis para os povos indígenas são abordados por Korap, como a importância da demarcação de terras, projetos que afetam suas manifestações culturais e a preservação ambiental. Além disso, o podcast é marcado por depoimentos cheios de emoção da entrevistada que, inclusive, comovem a própria apresentadora. 

Alessandra é movida pela luta. Ela foi a primeira mulher a presidir a Associação Indígena Pariri, ganhou prêmios internacionais em reconhecimento à sua atuação pelos direitos humanos e é atualmente a vice-presidente da Federação dos Povos Indígenas do Pará. Seu destaque já a colocou em risco duas vezes, quando teve sua casa invadida por motivos políticos.

“Teve ataque na minha casa, primeira vez em 2019 e depois em 2021. Na primeira vez que teve ataque, meu filho me abraçou e chorou: ‘mãe, eu não quero que te matem’. Na segunda vez, eu olhei para os meus filhos e disse: ‘sinto muito por tudo que está acontecendo, mas eu não posso me calar. Sinto muito pela violência ao nosso povo, mas eu preciso lutar defendendo meu território”, relata, de forma dolorosa. Os ataques, no entanto, não apagaram sua força.

“Precisamos garantir nosso território, porque se a gente se ajoelhar agora, eles vão tomar”, declara Alessandra Munduruku.

Alessandra também conta que a luta pelo seu povo cansa e que a população indígena está adoecendo por conta do mercúrio, metal pesado proveniente do garimpo: “O mundo dos pariwat [palavra da língua munduruku para referir-se aos não-indígenas] adoece a gente. Cada povo tá adoecendo dentro do seu território, não só por causa da ameaça das PL, mas também por causa do mercúrio, do veneno que estão jogando no rio e nos igarapés. Nosso povo tá doente com coisas que antes não tínhamos”.

Chamorro, com a voz embargada, lembra do estudo realizado pela Fiocruz em parceria com o WWF-Brasil, o qual mostra que 100% do povo Munduruku tem algum nível de contaminação devido ao mercúrio. A solução que o governo deu a eles, no entanto, é que parem de comer peixe, sua fonte principal de alimento. Alessandra defende que a medida a ser feita deveria ser a expulsão do garimpo ilegal de seus territórios.

Escute na íntegra o episódio 201 do Vozes no Planeta:

  • Bruna Martins

    Jornalista em formação pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM).

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