A 21ª base do Projeto Tamar, um dos mais bem-sucedidos do Brasil, foi inaugurada há quatro meses na praia da Barra da Lagoa, em Florianópolis. É um refúgio para as poucas tartarugas marinhas levadas tão ao sul pelas correntezas.
O local foi escolhido por abrigar uma das maiores comunidades pesqueiras de Santa Catarina. “Nosso objetivo é ter os pescadores como aliados. Quando eles encontrarem tartarugas em situações de risco saberão como tratá-las”, afirma José Henrique Garcia, diretor da base 21.
Não é freqüente, mas muitas tartarugas desorientadas acabam nas águas da região sul, geralmente trazidas por correntes marinhas. Muitas delas acabam presas nas redes de pesca. Antes da base do Tamar, os pescadores não tinham para onde levá-las. Mas agora estão sendo treinados em como proceder nestes casos, o que aumenta as chances de elas sobreviverem quando capturadas.
O que poucos sabiam é que uma tartaruga em choque pode ficar até 10 horas desmaiada, período em que o pescador pode pensar que ela está morta. “Uma das principais intenções do projeto é que as pessoas conheçam a forma de viver das tartarugas. Assim, certamente muitas serão salvas”, afirma José Henrique.
Desde a sua implantação, em janeiro, a Base Sul do Projeto Tamar resgatou quatro tartarugas que estavam com ferimentos. Duas foram soltas no dia da inauguração, outra ainda está em fase da adaptação, pois teve uma de suas nadadeiras arrancadas por um predador natural. A quarta morreu. Na Barra da Lagoa também foi instalada uma base para visitação, com algumas delas sendo mantidas em tanques. Pelo lado educacional, o Tamar recebe excursões de escolas.
Parece pouco, mas deve-se considerar que a maior parte das tartarugas marinhas vive concentrada na costa brasileira entre Bahia e Sergipe, sendo relativamente raras nas águas frias do Sul – tanto que a maioria dos sulistas só as conhece de ver no Discovery Channel.
* Carla Lins tem 21 anos e é recém-formada jornalista em Florianópolis.
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