“Em plena alta temporada? Não dá nem pra pensar em parar a operação”, reage Bruno Menescal, presidente da associação. A Pedra Bonita é líder mundial em vôos de instrução, também conhecidos como “vôos duplos”: todo ano, 23 mil turistas decolam dali acompanhados por profissionais, para viagens de 15 minutos a meia hora até o pouso na praia de São Conrado. O auge, claro, é no verão.
Quem vai pagar?
O projeto de contenção e recuperação da encosta ficou pronto esta semana e será encaminhado ao Parque Nacional nos próximos dias. Márcio Machado, diretor de Obras da GeoRio, explica que será preciso construir muros frontais e laterais em três níveis. Como a encosta é muito íngreme, serão feitos platôs para permitir o reflorestamento com espécies nativas. O orçamento fica em torno de R$ 280 mil.
Antes mesmo de ser informado sobre o tamanho do investimento, o Ibama já dava sinais de que não arcará com o gasto sozinho. “Nem sempre a gente tem fôlego pra tudo. Contamos muito com a ajuda da Prefeitura”, diz Bernardo Issa. O líder dos praticantes de vôo livre não esperava outra coisa: “O Ibama sempre diz que não tem dinheiro. Mas o problema não é só dinheiro, é política”, queixa-se Bruno Menescal. Segundo ele, a prefeitura está mais disposta a ajudar.
Questionado sobre o assunto, o prefeito César Maia disse vislumbrar outra forma de financiar as obras: “Uma pergunta que fiz no processo é sobre quanto os patrocinadores privados vão colaborar”.
Diante do impasse, quem decidiu entrar em cena foi a Associação de Moradores e Amigos de São Conrado (Amasco). Eles procuraram o Ministério Público para abrir uma ação judicial pedindo que o problema seja resolvido. Mas os procuradores ambientais do Rio estão de férias. Enquanto isso, a Amasco tem procurado as partes envolvidas em busca de informações. O que trouxe à tona uma contradição. Segundo Francisco Maiolino, vice-presidente da entidade, a Defesa Civil “não tinha conhecimento do problema” e ficou de mandar um engenheiro avaliar a situação.
Turismo abandonado
A rampa da Pedra Bonita foi uma das primeiras construídas no país, em 1974, e a Associação Brasileira de Vôo Livre (ABVL) nasceu no ano seguinte com o objetivo específico de controlar o acesso à rampa. Hoje tem mil filiados no Rio de Janeiro e 12 mil em todo o Brasil. Além dos 23 mil vôos duplos anuais, todos os meses acontecem em média 5 mil saltos simples em São Conrado.
Leia também
COP da Desertificação avança em financiamento, mas não consegue mecanismo contra secas
Reunião não teve acordo por arcabouço global e vinculante de medidas contra secas; participação de indígenas e financiamento bilionário a 80 países vulneráveis a secas foram aprovados →
Refinaria da Petrobras funciona há 40 dias sem licença para operação comercial
Inea diz que usina de processamento de gás natural (UPGN) no antigo Comperj ainda se encontra na fase de pré-operação, diferentemente do que anunciou a empresa →
Trilha que percorre os antigos caminhos dos Incas une história, conservação e arqueologia
Com 30 mil km que ligam seis países, a grande Rota dos Incas, ou Qapac Ñan, rememora um passado que ainda está presente na paisagem e cultura local →