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Limite da cidade

No sul da megalópole de São Paulo, escarpas, florestas e cachoeiras, além de campos nebulares, espalham-se nos 26 mil hectares do Núcleo Curucutu do Parque da Serra do Mar.

Cristiane Prizibisczki ·
18 de janeiro de 2008 · 17 anos atrás

São Paulo é conhecida como a cidade do trabalho e do strees. O que poucos sabem, é que o município também abriga áreas de grande beleza natural, como é o caso do Núcleo Curucutu do Parque Estadual da Serra do Mar.

Localizado no extremo sul da capital paulista, a apenas 70 quilômetros do centro da metrópole, o Núcleo abrange uma área aproximada de 26,5 mil hectares, onde é possível encontrar paisagens características da Serra do Mar, como escarpas, florestas e cachoeiras, e também uma paisagem que só ocorre naquela porção: os campos nebulares.

Quem já passou por lá, sabe que este parque desconhecido por tantos paulistanos tem grande importância para a cidade – e porque não para todo Brasil? “Seu” Martiniano é uma dessas pessoas que tiveram o privilégio de conviver com muitas das espécies de fauna e flora que compõem a área: foram exatos 39 anos e oito meses trabalhando no Curucutu como guarda-parque. “Eu tive o privilégio de trabalhar lá. Tenho certeza que se trabalhasse em São Paulo eu não tinha a disposição que tenho hoje”, diz.

No Curucutu, “seu” Martiniano topou com muitos bichos, como uma onça pintada, que uma vez o acompanhou durante uma caminhada noturna. “Uma noite em que a lua tava clara que nem dia, percebi que uma onça me acompanhava. Quando escutei o estralado das orelha dela, morri de medo, porque a única coisa que tinha pra me defender era uma caixa de fósforo no bolso. Por todo o caminho, fui acendendo um fósforo atrás do outro, pra ela não se aproximar. A onça andou uns 15, 20 metros atrás de mim”, conta.

As histórias do Parque são muitas, tantas quanto suas potencialidades, ainda pouco exploradas por pesquisadores e turistas. Além do levantamento de aves e anfíbios, que vêm sendo realizado no momento, o parque foi objeto de estudo de alguns poucos biólogos que se aventuraram pelas suas serras nebulosas e mata fechada. E estrutura não falta para receber os que desejam estudar mais a área.

Também para os turistas o parque tem muito a oferecer: além das duas trilhas existentes – e outras que estão sendo abertas – no Curucutu ainda é possível visitar a Cachoeira da Usina, as aldeias de tupi-guaranis que ficam em seu entorno e desfrutar das paisagens típicas de Mata Atlântica, com a presença de bromélias e orquídeas em suas partes altas, e o clima fresco de serra.

Para se ter uma idéia de como ele é pouco conhecido pelos paulistanos, vale alguns números: em 2007 foram registradas somente cerca de 1.300 visitas – contra 370 mil do Parque Ecológico de Guarapiranga, por exemplo – e o número total de projetos desenvolvidos na área não passa de dez.

Dono de belas paisagens e morada de várias espécies em extinção, o Núcleo Curucutu também tem de enfrentar problemas graves, como a caça predatória e a extração de palmito e plantas ornamentais. Clique na imagem acima para conferir o slide show sobre o Parque.

  • Cristiane Prizibisczki

    Cristiane Prizibisczki é Alumni do Wolfson College – Universidade de Cambridge (Reino Unido), onde participou do Press Fellow...

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