Foi lançado nesta quinta-feira em Nagoya um relatório da organização Wetlands International que resume o estado das aves aquáticas do mundo. E o sobrevoo dessas espécies pelo planeta não anda nada tranquilo. As 24 páginas do documento revelam os números das populações e compara o que mudou entre os anos de 1970 e 2000.
Voar pelo continente Africano, América Latina e, especialmente Ásia, é mais perigoso. O crescimento econômico do continente asiático e a ausência de esforços de conservação contribuem para que a diminuição das aves aquáticas seja mais acelerada do que em qualquer outra parte do mundo. Por lá, 62% das populações conhecidas estão minguando, enquanto apenas 10% aumentam seus indivíduos. Já em lugares onde as leis para a conservação são mais severas como América do Norte, Europa e Oceania a situação melhorou. Essa mudança alterou globalmente o declínio dessas populações que diminuiu ligeiramente, em cerca de 5%, entre 1975 e 2005. Esse percentual representa algum progresso em direção a Meta da Biodiversidade para 2010. Mas a diferença entre o crescimento e diminuição ainda são grandes. Quarenta e sete por cento das populações de aves aquáticas ainda estão em declínio e apenas 16% estão a aumentar em todo mundo.
Outra preocupação é o aquecimento global, que altera centenas de locais de reprodução das aves. Da Ásia, África do Sul, Austrália, e América do Sul elas migram em direção ao Ártico, que já sofre com as consequência do aquecimento do planeta. Além disso, as populações de aves aquáticas são expostas a uma ampla gama de ameaças como a perda e degradação dos charcos e lagos, a regulação da água, a intensificação da agricultura, caça e mudanças climáticas.
Entre as recomendações para a conservação das aves aquáticas estão a plena implementação dos compromissos internacionais e reforço em medidas legislativas de proteção desses animais, principalmente nos países onde há essa deficiência. Deter e reverter a perda das áreas úmidas é outra sugestão do estudo. E também identificar os sítios-chave onde as populações de aves aquáticas recebem proteção adequada para garantir o uso sustentável de seus habitat e biodiversidade.
O relatório foi lançado por 193 delegados membros da Convenção da ONU sobre Diversidade Biológica. O evento vai até o dia 29 de outubro e pretende elaborar um novo conjunto de metas para reduzir a rápida perda de biodiversidade do mundo até 2020. (Thiago Camara)
Leia o estudo na íntegra.
Leia também
Filme posiciona os animais como vítimas invisíveis da crise climática
Produção ressalta que conservar a natureza é o melhor caminho para amenizar novas tragédias causadas por eventos extremos →
Brasil ganha marco pioneiro sobre translocação de animais voltada para conservação
Publicação da Rede Brasileira de Translocações para Conservação (RBTC) traz diretrizes e guia prático para desenvolver ações de manejo de fauna no país →
A última rodada de negociações do Tratado de Plásticos começou. E o que isso tem a ver com a Amazônia?
Reunidos na Coreia do Sul, 175 países precisam decidir o que será feito para combater a poluição plástica no planeta, enquanto os impactos já são sentidos na saúde humana, animal e ambiental →