Salada Verde

As incríveis revoadas de guarás no litoral paranaense

Incontáveis aves foram registradas em regiões conservadas do estado, que terá uma nova unidade de conservação da espécie

Aldem Bourscheit ·
11 de março de 2025
Salada Verde
Sua porção fresquinha de informações sobre o meio ambiente

Os últimos dias viram o céu de municípios paranaenses tingido pelo vermelho vivo de milhares de guarás. As revoadas cinematográficas foram registradas por fotógrafos em locais conservados, como nas baías de Guaraqueçaba e de Guaratuba. 

Conhecida igualmente por nomes como íbis-escarlate e garça-vermelha, a espécie (Eudocimus ruber) foi descrita em 1758. Mede geralmente de 50 cm a 60 cm. A coloração única se deve à alimentação baseada no caranguejo chama-maré (Uca maracoani), cujo pigmento tinge suas plumas. 

Também conforme o portal Wiki Aves, a ave vive hoje em regiões da costa brasileira, especialmente junto a manguezais. Aliás, várias localidades têm nomes indígenas associados ao animal, incluindo Guaratiba (Rio de Janeiro) e Guarapari (Espírito Santo).

Uma peça histórica recoberta com penas de guará, o Manto Tupinambá retornou ao Brasil em setembro do ano passado, após mais de 300 anos exposto no Museu da Dinamarca. Ao menos outros 10 mantos similares estariam em exibição em museus europeus.

O vermelho sanguíneo das plumas do guará se deve à alimentação centrada no caranguejo Uca maracoani. Foto: Edgar Fernandez.

Doutorando no Programa de Sistemas Costeiros e Oceânicos da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e à frente do Projeto Guará, na ong Instituto Guaju, o biólogo Edgar Fernandez lembra que, ao longo das décadas passadas, a espécie se tornou praticamente um fantasma no litoral do estado.

Contudo, esforços conservacionistas constroem novos futuros. Recuperando a história natural de Guaratuba, a “terra de muitos guarás” em Tupi, a entidade trabalha desde 2008 para restaurar manguezais e ampliar a oferta de habitat e alimentos para a ave. Outras espécies são beneficiadas. 

Focada na ecologia e distribuição do emplumado, a pesquisa de Fernandez não só apoia sua conservação como disparou a criação do estadual Refúgio da Vida Silvestre Ilhas dos Guarás, na Baía de Guaratuba. O processo foi anunciado no fim do ano passado.

O guará se recupera, após ter praticamente desaparecido do litoral paranaense ao longo das últimas décadas. Foto: Raphael Sobania
  • Aldem Bourscheit

    Jornalista cobrindo há mais de duas décadas temas como Conservação da Natureza, Crimes contra a Vida Selvagem, Ciência, Agron...

Leia também

Análises
24 de julho de 2013

Os Guarás que habitam os manguezais de Cubatão

Em um lugar associado à indústria e poluição, essa ave típica de manguezais proporcionou uma imagem belíssima que agora correrá o mundo

Análises
4 de fevereiro de 2014

Os guarás-vermelhos de São Paulo: quando o errado dá certo

Solturas de animais silvestres feitas sem critério em geral terminam mal. Mas às vezes podem dar bons resultados.

Análises
19 de dezembro de 2024

Restauração muda paisagem em Guaraqueçaba, no litoral do Paraná

Iniciado há 24 anos, plantio de 300 hectares de Mata Atlântica pela SPVS uniu ciência e alta tecnologia, em um casamento que deu certo

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.