Os últimos dias viram o céu de municípios paranaenses tingido pelo vermelho vivo de milhares de guarás. As revoadas cinematográficas foram registradas por fotógrafos em locais conservados, como nas baías de Guaraqueçaba e de Guaratuba.
Conhecida igualmente por nomes como íbis-escarlate e garça-vermelha, a espécie (Eudocimus ruber) foi descrita em 1758. Mede geralmente de 50 cm a 60 cm. A coloração única se deve à alimentação baseada no caranguejo chama-maré (Uca maracoani), cujo pigmento tinge suas plumas.
Também conforme o portal Wiki Aves, a ave vive hoje em regiões da costa brasileira, especialmente junto a manguezais. Aliás, várias localidades têm nomes indígenas associados ao animal, incluindo Guaratiba (Rio de Janeiro) e Guarapari (Espírito Santo).
Uma peça histórica recoberta com penas de guará, o Manto Tupinambá retornou ao Brasil em setembro do ano passado, após mais de 300 anos exposto no Museu da Dinamarca. Ao menos outros 10 mantos similares estariam em exibição em museus europeus.

Doutorando no Programa de Sistemas Costeiros e Oceânicos da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e à frente do Projeto Guará, na ong Instituto Guaju, o biólogo Edgar Fernandez lembra que, ao longo das décadas passadas, a espécie se tornou praticamente um fantasma no litoral do estado.
Contudo, esforços conservacionistas constroem novos futuros. Recuperando a história natural de Guaratuba, a “terra de muitos guarás” em Tupi, a entidade trabalha desde 2008 para restaurar manguezais e ampliar a oferta de habitat e alimentos para a ave. Outras espécies são beneficiadas.
Focada na ecologia e distribuição do emplumado, a pesquisa de Fernandez não só apoia sua conservação como disparou a criação do estadual Refúgio da Vida Silvestre Ilhas dos Guarás, na Baía de Guaratuba. O processo foi anunciado no fim do ano passado.

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