Reportagens

Projeto Carnívoros do Iguaçu – segundo dia

São 14h15 e recebo o alerta de que uma onça foi vista. Sigo para o local em busca de uma foto para compartilhar com vocês. Desejem-me sorte.

Adriano Gambarini ·
8 de março de 2015 · 8 anos atrás
Fotos: Camera Trap/Projeto Carnívoros do Iguaçu
Fotos: Camera Trap/Projeto Carnívoros do Iguaçu

Esta noite (6/3) choveu cântaros, Marina Xavier e equipe decidiram não abrir os laços. Desde 2009, o projeto já realizou cerca de 9 campanhas de captura dentro do Parque Nacional do Iguaçu, visando principalmente a onça-pintada (Panthera onca). Em 2014 foi realizada também uma campanha de captura de carnívoros de médio porte. Foram capturados 3 onças-pintadas, 4 pumas, 2 jaguatiricas e uma grande quantidade de quatis. O trabalho específico com as onças é a marcação e posterior monitoramento, justamente para compreender a ecologia dos animais na região, como por exemplo, seus territórios, se saem ou não do parque, se atravessam para Argentina e quais seus habitats preferenciais.

Apesar das pesquisas ocorrerem dentro do Parque Nacional do Iguaçu, existe uma grande pressão com as fazendas do entorno.  A equipe estima que existam aproximadamente 18 onças-pintadas habitando o Parque, que possui mais de 185 mil hectares.

O monitoramento da quantidade de onças residindo no parque é uma das mais importantes ferramentas de gestão e manejo, porém compreender como estas onças se relacionam com o meio ambiente, seus territórios, parceiros sexuais e suas presas é outro desafio imposto à pesquisa científica.  Números em estudos ecológicos não são estáticos no tempo e se relacionam, principalmente com fatos e pressões ambientais que ocorreram no passado. Por isso, entender como as onças do Parque Nacional caíram em número de cerca de 60 animais adultos, como avaliado por Peter Crawshaw na década de 90, para os 18 animais encontrados pela equipe atual do projeto, é o primeiro passo para salvar a população.  A captura de onças e a marcação é parte importante deste processo de busca de conhecimento, mas, nesta região, capturá-las é um grande desafio.

PS: São 14:15h e reservei este momento para escrever. Mas um funcionário do Macuco Sáfari – empresa que administra as atividades turísticas dentro do parque, avisou agora que uma onça foi vista numa das trilhas em que instalaremos os laços esta noite. Estou seguindo para lá, quem sabe amanhã tenho uma boa foto de onça andando no meio da mata para compartilhar com vocês! Desejem-me sorte!

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  • Adriano Gambarini

    É geólogo de formação, com especialização em Espeleologia. É fotografo profissional desde 92 e autor de 14 livros fotográfico...

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Comentários 5

  1. Vlamir Leggieri diz:

    É colhido mais cedo e exige mais herbicidas. Só bobo pra acreditar num semi artigo desse.


  2. Julio diz:

    BRASIL , MAIOR PRODITOR DE CELULOSE, COM APENAS 0,5% DE SEU TERRITÓRIO EM EUCALIPTO.KE
    Será lobby das madeireiras candadenses?
    Lá, derrubam de verdade ,o dobro do que “queimam” na Amazônia.
    Arvores da Amazônia como pau de balsa, pouco pesquisados, crescem em 2,5 a 3 anos, muito mais q eucalipto. NEM POR ISTO, A AMAZÔNIA SECA…


  3. Paulo Roberto diz:

    Se os motivos apresentados pela turma da campanha, porque nada foi colocado sobre sequestro de carbono, provenientes dessas áreas plantadas?


  4. Renato Ribeiro dos Santos diz:

    Esse movimento deveria estudar mais sobre cultura de Eucalipto.


  5. MARCO ANTONIO ARAUJO MARTINS diz:

    Conseguiu vitoria porque comprou , mais uma vez, parte do legislativo. Inocência seria acreditar que
    os legisladores votaram a favor do ladrão condenado, por patriotismo ou bem do Brasil. Puro intere$$e particular. Como patrocina ONG$.