Nos últimos dias em que documentei o trabalho da equipe de Emiliano Ramalho na RDS Mamirauá, tive a oportunidade de acompanhar um grupo de turistas estrangeiros que estavam hospedados na Pousada Uacari. Este foi o primeiro ano oficial desta atividade de turismo de observação de onças – Jaguar Expedition. No ano passado foi realizada uma atividade piloto, com total sucesso.
Foram realizados três pacotes turísticos em nove dias de observação, totalizando 11 avistamentos de 4 onças diferentes, ou seja, sucesso de 100% em avistamento. Inclusive com situações realmente raras, como foi o caso da observação do comportamento de corte por uma onça monitorada por rádio-colar e uma fêmea que recentemente apareceu na área. E posso dizer, nos meus quinze anos documentando onças em vida livre, que presenciar cenas assim é espantoso, principalmente quando é na Amazônia. E mais, numa área de várzea onde a única forma de deslocamento é através de pequenas canoas!
![](/wp-content/uploads/oeco-migration/images/stories/jun2015/16052015-gambarini-lago-mamiraua.jpg)
![](/wp-content/uploads/oeco-migration/images/stories/jun2015/16052015-gambarini-chales.jpg)
![](/wp-content/uploads/oeco-migration/images/stories/jun2015/16052015-gambarini-pousada-uacari.jpg)
![](/wp-content/uploads/oeco-migration/images/stories/jun2015/19052015-gambarini-emiliano.jpg)
![](/wp-content/uploads/oeco-migration/images/stories/jun2015/03062015-emiliano-baden1.jpg)
A seguir, um bate papo com Emiliano.
Adriano Gambarini: Porque seu projeto visa turismo de observação de onça? Você acredita que este tipo de turismo agrega valor à onça?
Emiliano Ramalho: O objetivo desta atividade é reduzir o número de onças caçadas na região, por meio do estímulo ao ecoturismo de avistamento de onças-pintadas. A lógica é que o avistamento na Reserva Mamirauá pode gerar benefícios econômicos e sociais às comunidades locais e que estes benefícios possam contribuir para que moradores tenham uma interação mais harmoniosa com a onça-pintada, deixando de caçá-la e colaborando com a pesquisa e conservação.
O turista sai satisfeito, claro, mas você acredita que isto pode conscientizar a comunidade que sofre diretamente com a presença da onça perto das criações?
Tenho certeza que a atividade irá reduzir o número de onças-pintadas caçadas na região. E com felicidade posso dizer também que descobrimos uma maneira de fazer com que a onça-pintada gere renda para os moradores locais. É fantástico ver esse processo.
O que você vislumbra com este projeto?
Eu vislumbro menos onças-pintadas mortas, maior renda pra comunidades locais, mais conhecimento científico para subsidiar ações de conservação, a replicação dessa atividade em outros locais da Amazônia, e a formação de jovens interessados na conservação da onça-pintada.
Vídeo
Leia também
Projeto Iauaretê: história, sucessos e o conflito homem-onça
Macacos de Mamirauá: primeira razão de ser da reserva
Projeto Iauaretê: as onças das árvores de Mamirauá
Leia também
![](https://i0.wp.com/oeco.org.br/wp-content/uploads/2024/07/Esther.jpg?resize=600%2C400&ssl=1)
Com servidores ambientais em greve, ministra da Gestão se compromete a reabrir negociações
Categoria entrou em greve em 24 estados após fim das negociações pela reestruturação da carreira; promessa foi feita a servidores da Paraíba, durante evento em João Pessoa →
![](https://i0.wp.com/oeco.org.br/wp-content/uploads/2024/07/Johann_Chui-ao-Oiapoque_1_corte3-2.jpeg?resize=600%2C400&ssl=1)
Do Chuí ao Oiapoque na maior trilha do Brasil
Com mais de 2.500 quilômetros já percorridos, o francês Johann Grondin realiza sua maior aventura, literalmente, ir a pé de um extremo ao outro do Brasil →
![](https://i0.wp.com/oeco.org.br/wp-content/uploads/2024/07/delivery-worker_Asuncion_Paraguay-24-2048x1365-1.jpeg?resize=600%2C400&ssl=1)
Calor extremo: como a crise climática impacta trabalhadores na América Latina
Eventos climáticos extremos e aumento das temperaturas colocam em risco saúde dos trabalhadores e demandam medidas de adaptação →