Nos últimos dias em que documentei o trabalho da equipe de Emiliano Ramalho na RDS Mamirauá, tive a oportunidade de acompanhar um grupo de turistas estrangeiros que estavam hospedados na Pousada Uacari. Este foi o primeiro ano oficial desta atividade de turismo de observação de onças – Jaguar Expedition. No ano passado foi realizada uma atividade piloto, com total sucesso.
Foram realizados três pacotes turísticos em nove dias de observação, totalizando 11 avistamentos de 4 onças diferentes, ou seja, sucesso de 100% em avistamento. Inclusive com situações realmente raras, como foi o caso da observação do comportamento de corte por uma onça monitorada por rádio-colar e uma fêmea que recentemente apareceu na área. E posso dizer, nos meus quinze anos documentando onças em vida livre, que presenciar cenas assim é espantoso, principalmente quando é na Amazônia. E mais, numa área de várzea onde a única forma de deslocamento é através de pequenas canoas!
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A seguir, um bate papo com Emiliano.
Adriano Gambarini: Porque seu projeto visa turismo de observação de onça? Você acredita que este tipo de turismo agrega valor à onça?
Emiliano Ramalho: O objetivo desta atividade é reduzir o número de onças caçadas na região, por meio do estímulo ao ecoturismo de avistamento de onças-pintadas. A lógica é que o avistamento na Reserva Mamirauá pode gerar benefícios econômicos e sociais às comunidades locais e que estes benefícios possam contribuir para que moradores tenham uma interação mais harmoniosa com a onça-pintada, deixando de caçá-la e colaborando com a pesquisa e conservação.
O turista sai satisfeito, claro, mas você acredita que isto pode conscientizar a comunidade que sofre diretamente com a presença da onça perto das criações?
Tenho certeza que a atividade irá reduzir o número de onças-pintadas caçadas na região. E com felicidade posso dizer também que descobrimos uma maneira de fazer com que a onça-pintada gere renda para os moradores locais. É fantástico ver esse processo.
O que você vislumbra com este projeto?
Eu vislumbro menos onças-pintadas mortas, maior renda pra comunidades locais, mais conhecimento científico para subsidiar ações de conservação, a replicação dessa atividade em outros locais da Amazônia, e a formação de jovens interessados na conservação da onça-pintada.
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