Reportagens

Na rota das catástrofes

Estudo encomendado pelo Banco Mundial aponta regiões brasileiras como áreas de alto risco para investimento internacional por causa de desastres naturais.

Ana Carolina Antunes ·
14 de janeiro de 2005 · 20 anos atrás

O Brasil não está livre de grandes catástrofes naturais, nem está pronto para enfrentá-las. As regiões Sul, Sudeste e Nordeste do país aparecem como áreas de alto risco no estudo “Global Disaster Hotspots”, cujos primeiros resultados foram divulgados pelo site LiveScience.

Encomendado pelo Banco Mundial e realizado pelo Earth Institute da Universidade de Columbia, em Nova York, o estudo deve ser publicado nos próximos meses. Trata-se de uma análise sobre o risco de catástrofes naturais em países em desenvolvimento. Ganham destaque os países e regiões em que a população está constantemente em perigo de sofrer desastres como terremotos, vulcões, deslizamentos de terra, inundações, seca e ciclones.

Mais do que preocupação ambiental, o estudo do Banco Mundial orienta-se por questões econômicas. Os “hotspots”, ou áreas de risco ambiental, são também áreas de risco para o capital financeiro. Foi analisada a capacidade dos países de investir na recuperação dos estragos causados por catástrofes desse tipo.

A pesquisa baseou-se em dados sobre a população, o PIB regional e estatísticas das últimas duas décadas sobre desastres naturais. Os resultados foram apresentados na forma de mapas, com os diferentes riscos analisados. Um deles diz respeito ao número de mortes causadas por esses eventos. Ele inclui as regiões Sul, Sudeste e a costa do Nordeste entre os locais com grande risco de enchentes e ciclones.

Outro mapa mostra a porcentagem do Produto Interno Bruto (PIB) necessária para a reconstrução das áreas atingidas. Neste, as regiões brasileiras aparecem com menos realce. Parte do sertão nordestino é apontada como problemática por causa das secas. No litoral das regiões Sul e Sudeste, onde é maior a concentração populacional e as ocupações irregulares, também é preciso gastar uma considerável porção do PIB regional para recuperar as áreas destruídas por inundações.

Por fim, a questão do risco dos investimentos. Não é bom negócio investir em vários pontos do país. Fica evidente a vulnerabilidade do interior do Nordeste no enfrentamento de problemas relacionados à seca, e do litoral da mesma região diante de “problemas múltiplos” de seca e enchentes. O interior da região Sudeste também é considerado uma área de risco. A zona costeira do Sudeste e a região Sul são mencionadas por suas recorrentes enchentes.

Pesquisadores ressaltaram, no site do Earth Institute, que os países mais pobres acabam entrando em um ciclo vicioso por causa dos desastres naturais. Esses países gastam muito tempo e dinheiro tentando reparar os danos causados pelas enchentes e seca (no caso do Brasil) e não conseguem se preparar para reagir a futuros desastres.

O Banco Mundial pretende utilizar esse estudo para prevenir perdas econômicas nos países em desenvolvimento. Segundo dados fornecidos pelo site LifeScience, no último ano o Banco emprestou 14,4 bilhões de dólares em regime de emergência, sendo 12 bilhões para países em desenvolvimento reconstruírem áreas destruídas por desastres naturais.

A Universidade de Columbia desenvolve estudos paralelos que analisam a recorrência desses eventos e o impacto econômico nos países atingidos.

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