Um sistema de alerta sobre tsunamis com cobertura global não parece estar muito distante no futuro. É o que afirma o jornalista Douglas Mulhall, que escreve sobre tecnologia e meio ambiente. Ele defende o desenvolvimento imediato do sistema, para o qual afirma já existir a infra-estrutura necessária, no Grupo de Coordenação Internacional do Sistema de Alerta de Tsunamis do Pacífico.
O que a imprensa não divulgou, conta ele, é que em 2003 esse grupo já havia criado os mecanismos para extensão do sistema de alerta para a América Central, Europa, Atlântico Sul e Oceano Índico. Precisaria apenas de pequena quantia de recursos para pô-lo imediatamente em operação. Realmente, o custo para implantar um sistema de alerta global estimado pelo Centro de Alerta de Tsunamis do Havaí, de 10 a 20 milhões de dólares, não parece nada extraordinário diante dos bilhões perdidos com o último desastre, sem contar as vidas humanas que teriam sido salvas se a área estivesse coberta pelo sistema de alerta.
Mulhall é jornalista e autor de Our Molecular Future: How Nanotechnology, Robotics, Genetics and Artificial Intelligence Will Transform Our World, muito apreciado pelos futurólogos. Andou pelo Brasil, nos anos 90, desenvolvendo projetos de qualidade de água e criou O Instituto Ambiental, com um grupo de ecologistas brasileiros, que toca vários projetos de reciclagem, agricultura orgânica e gestão integrada de biossistemas.
Em artigo para a revista especializada em futurologia, The Futurist, sobre “como sobreviver a mega-desastres”, ele afirma que, hoje, temos condições de desenvolver a tecnologia que permita nos adaptar a desastres naturais de mega proporções, capazes de se tornar fenômenos de destruição em massa. Segundo ele, esses mega-desastres constituem um dos mais profundos desafios ambientais, porque o ciclo da natureza inclui rupturas periódicas que podem, simplesmente, causar a regressão da humanidade a estágios primitivos de vida.
Ele quer ver realizado um cenário positivo. Ao invés do cenário-de-fim-do-mundo da ficção de desastre, um cenário no qual “sobrevivemos ao Armageddon e a humanidade mal pararia para recuperar o fôlego após o choque de um desastre natural de larga escala. Ao contrário, reocuparíamos imediatamente as áreas devastadas, substituindo plantações e evitando a morte por inanição”. Nós estamos desenvolvendo os meios que tornariam esse cenário possível, acredita, mas, para “sobreviver no futuro, precisaríamos remodelar a nós mesmos e partes de nossa ecologia. Embora ainda não possamos descrever, detectar ou nos defender inteiramente de fenômenos naturais severos, está ficando claro que os ecologistas precisam levá-los a sério”, afirma.
Mulhall reconhece que, do ponto de vista ambiental, “a idéia de uma alteração ecológica cria um horrível dilema”. Seria necessário abandonar a resistências às novas tecnologias, como a biotecnologia, para criarmos condições de proteger nossa própria espécie. “Além de asteróides que podem destruir o planeta e catástrofes induzidas pelo ser humano, outros eventos naturais podem vir a constitui sérias ameaças no futuro. Entre eles se incluem erupções vulcânicas, terremotos com reação em cadeia, enchentes sem explicação, mudanças solares ou polares significativas, e chuvas recorrentes de meteoros. Podemos sobreviver a cada um deles, embora possam causar perdas de infra-estrutura, ruptura do ciclo agrícola ou contaminação por destroços industriais”, argumenta. Para isso, seria necessário que recorrêssemos a uma variada gama de tecnologias, baseadas em genética, robótica, inteligência artificial, e nanotecnologia, que nos ajudariam a nos adaptarmos aos extremos ambientais.
Mulhall escreveu esse artigo em 2001, muito antes da tsunami asiática. O que pareceria ficção científica ou, na melhor das hipóteses, exagero, então, já não parece tão absurdo, quando nos lembramos daquelas cenas dantescas.
Leia também
Com servidores ambientais em greve, ministra da Gestão se compromete a reabrir negociações
Categoria entrou em greve em 24 estados após fim das negociações pela reestruturação da carreira; promessa foi feita a servidores da Paraíba, durante evento em João Pessoa →
Do Chuí ao Oiapoque na maior trilha do Brasil
Com mais de 2.500 quilômetros já percorridos, o francês Johann Grondin realiza sua maior aventura, literalmente, ir a pé de um extremo ao outro do Brasil →
Calor extremo: como a crise climática impacta trabalhadores na América Latina
Eventos climáticos extremos e aumento das temperaturas colocam em risco saúde dos trabalhadores e demandam medidas de adaptação →