A proteção à Amazônia é um fator que deve ser considerado prioridade de acordo com 81% dos eleitores brasileiros. É o que aponta pesquisa realizada pelo Instituto PoderData, encomendada pelo Instituto Clima e Sociedade e divulgada no último dia 14 de agosto.
Os dados foram coletados entre 3 e 5 de junho, através de três mil entrevistas com brasileiros acima de 16 anos nas 27 unidades da federação. A margem de erro é de dois pontos percentuais e o intervalo de confiança é de 95%.
A porcentagem regional da amostra seguiu aproximadamente os mesmos números da divisão real de eleitores para as próximas eleições, com a escuta de 43% na região Sudeste, 15% na região Sul, 8% no Centro-Oeste, 7% no Norte e 27% no Nordeste.
Esse detalhe metodológico possibilita compreender um outro número bastante contundente surgido no levantamento anterior, divulgado no final do mês de julho: 64% dos entrevistados responderam que não se sentem informados sobre os acontecimentos na região amazônica.
Além de noticiar os principais fatos sobre as questões ambientais na Amazônia, ((o))eco reuniu abaixo informações atualizadas para colaborar com o eleitorado para que este possa ter uma noção mais clara das principais características da realidade da região.
Os dados foram compilados pelo Amazônia 2030, iniciativa de pesquisadores brasileiros com o objetivo de oferecer subsídios para que a Amazônia tenha condições de alcançar um patamar maior de desenvolvimento econômico e humano, atingindo o uso sustentável de seus recursos naturais em 2030.
A organização sintetizou as principais informações sobre recursos naturais da Amazônia Legal em 2022 a partir de dados secundários de diversas instituições públicas, de pesquisa e da sociedade civil, como IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia), Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), ISA (Instituto Socioambiental), Mapbiomas e Seeg.
Conheça mais sobre a Amazônia
O bioma Amazônia, com 4,2 milhões de km2, é definido como um “conjunto de ecorregiões, fauna, flora, dinâmicas e processos ecológicos similares” composto por florestas tropicais úmidas, extensa rede hidrográfica e enorme biodiversidade. O bioma Amazônia representa 48% do território nacional.
Já a Amazônia Legal, com aproximadamente 5 milhões de km2, inclui toda a área do bioma Amazônia, além de parte do bioma Cerrado e Pantanal. Ela abrange todos os estados da Região Norte (Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins), Mato Grosso e parte do Maranhão.
A população da Amazônia Legal aumentou de 8,2 milhões em 1972 para 28,3 milhões de habitantes em 2021, o que representa 13% da população brasileira. A densidade demográfica na região ainda é baixa: 5,7 habitantes por km². Em relação aos estados, o Pará é o mais populoso, com 8,8 milhões de habitantes, seguido do Maranhão (5,9 milhões). Por outro lado, o Amapá (877 mil) e Roraima (652 mil) são os estados menos populosos na região.
O desmatamento atingiu 830.429 km² até 2021, ou uma perda de cerca de 21% da área total original da floresta (Prodes, Inpe). Em 2021, a cobertura vegetal dessa região distribuía-se em floresta nativa (63%) e vegetação nativa não florestal (19%). O restante da área (2%) é composto pela rede hidrográfica de rios e lagos.
A Amazônia Legal possui 41,6% do território composto por Áreas Protegidas. Essas áreas distribuem-se em Unidades de Conservação (UCs) de Uso Sustentável (11%), UCs de Proteção Integral (8%) e Terras Indígenas (TIs) (23%). Além disso, 0,19% da região está destinada como Terras Quilombolas (TQs), 21% do território é ocupado por imóveis privados, 8% somam assentamentos rurais e 0,5% refere-se a áreas militares. Os 20,3% restantes representam outras áreas, sobretudo terras devolutas.
Um total de 1,6 milhão de focos de calor foram detectados em toda a Amazônia Legal entre 2010 e 2021. Desse total, 495 mil focos ocorreram em áreas florestais, 378 mil em áreas não florestais e 684 mil em áreas desmatadas. Os anos com maiores focos de calor nesse período foram 2010 (216 mil focos) e 2020 (173 mil focos).
Em 2020, as emissões totais de Gases de Efeito Estufa (GEE) atingiram 1,1 Gt de CO2e na Amazônia Legal. Desse total, 0,9 Gt de CO2e emitidos pertenciam à classe de mudança no uso da terra, que abrange principalmente desmatamento e queimadas. Além disso, a participação das emissões da Amazônia Legal no total do Brasil subiu de 39% em 2010 para 52% em 2020.
A área agrícola plantada na Amazônia Legal aumentou expressivamente, passando de 8,5 milhões de ha em 2000 para 23,4 milhões de hectares em 2020 (Pesquisa Agrícola Municipal /IBGE). O valor de produção total desse setor aumentou de apenas R$ 6,4 bilhões em 2000 para R$ 117,2 bilhões em 2020. Nesse último ano, o Mato Grosso possuía 74% da área agrícola da Amazônia Legal.
Entre as culturas permanentes, a produção de açaí foi a mais relevante em 2020 com 220 mil hectares de áreas plantadas e um valor de produção igual a R$ 4,7 bilhões, seguida do cacau em amêndoas com 161 mil ha para R$ 1,8 bilhão em valor de produção. No total, essas culturas geraram R$ 10,8 bilhões em valor de produção na Amazônia Legal em 2020.
A soja em grão é a cultura agrícola temporária mais importante na região. Em 2020, ela gerou uma receita de R$ 57,8 bilhões e atingiu área plantada de 12,9 milhões de ha na Amazônia Legal. Outras lavouras temporárias importantes são o milho (R$ 23,4 bilhões), o algodão (R$ 13,3 bilhões) e a mandioca (R$ 4,7 bilhões).
A pecuária na Amazônia Legal possuía um rebanho bovino de 93 milhões de cabeças de gado em 2020. Os maiores rebanhos estavam em Mato Grosso (32,7 milhões) e no Pará (22,3 milhões). A área de pastagem atingiu 71,5 milhões de hectares em 2020, enquanto a área de agricultura ocupou 17 milhões de hectares.
Os Produtos Florestais Não Madeireiros (PFNMs) – que incluem uma gama de produtos como óleos, frutos, sementes, folhas, raízes, cascas e resinas – somaram R$ 941 milhões em 2020. Desse total, os PFNMs de valor alimentício respondiam por 89,5%. O açaí nativo (Euterpe oleracea) tinha maior participação em valor seguido da castanha-do-brasil (Bertholletia excelsa).
Em relação à restauração florestal, até 2019, havia um total de 7,2 milhões de hectares de vegetação secundária com mais de seis anos. Se não houver supressão dessa vegetação, a sucessão ecológica possibilitará a transição para uma floresta secundária e em seguida para uma floresta madura com biomassa e estrutura similar à floresta original.
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